Da Cova, bem lá no cimo da ilha, até à Ribeira Grande, no lado oposto ao Porto Novo, a carrinha Hiace do Dongo vai parando para sair ou mesmo para entrar mais gente, e entra sempre quem quer entrar... mesmo que a carrinha já ultrapasse o número de lugares existentes...
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Aqui pára-se por várias razões, pára-se para comprar queijo "di terra", feito de forma tradicional a partir do leite de cabra... parei e sem sair da carrinha, pois a paragem devia ser muito curta, comprei queijo, 100$00 cada um... e que belo queijo, não resisti e mesmo sem faca e no meio de uma carrinha a abarrotar de gente arranquei um pedaço com as mãos e deliciei-me com este néctar dos homens...
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Depois da compra feita avança-se mais um bocado, até à próxima paragem... pára-se aqui e ali também porque se tem de apanhar ou largar pessoas... e quando não se trata de pessoas pára-se para carregar ou largar alguma encomenda... e isto funciona assim: de um qualquer lugar com casas por onde se passa, alguém acena e pede ao Dongo para parar, ele pára e carregam um saco grande com a encomenda lá dentro, a encomenda pode ser bananas, pinhas, madeira, queijo, doce, etc, etc. depois de carregar e segundo as instruções de quem mandou parar o Dongo segue o caminho e algumas centenas de metros mais à frente ou mesmo a poucos quilómetros, o Dongo pára a sua carrinha novamente e descarrega a encomenda. Por vezes apita ou acena a alguém para chamar a atenção, ou às vezes deixa a encomenda no meio do caminho no sítio combinado e segue a sua viagem.... mais tarde o destinatário virá ao local para recolher o bem tão precioso que aguardava. Por estes transportes o Dongo e os outros como ele não cobram nada... não precisam, eles têm a sua fonte de rendimento que é o transporte de passageiros a 300$00 por viagem do Porto Novo à Ribeira Grande... uma viagem que com curtas paragens demora cerca de 1h30 min... uma viagem que todos nós devíamos fazer...
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Da Cova até à Ribeira Grande vêm-se pessoas simples que caminham a pé, crianças que comem deliciadas um pedaço de fruta, mulheres carregadas com fardos de madeira e comida para gado à cabeça, e que no meio daquele esforço diário nos lançam um sorriso puro e lindo de se ver... vêm-se também vacas que descansam à sombra das inúmeras árvores, vêm montes de casinhas simples salpicando os montes verde de uma cor branca, casinhas típicas com telhado de colmo, casinhas que parece não terem sequer caminho para lá chegar ... vêm-se as nuvens daqui de cima, sente-se a brisa fresca da altitude, e depois de subir pelo lado seco e circular por entre curvas e contracurvas de uma estrada "talhada à mão"... começa-se a descer... e que paisagem magnífica se tem do outro lado da ilha...
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Depois da surpresa dos pinheiros e árvores frondosas na zona da Cova vem agora a vegetação a tender para o luxuriante.... vêm-se claramente os trilhos percorridos à anos pelos habitantes que cultivam aqueles socalcos criados e mantidos com tanto esforço... onde a rega se faz através de levadas de água cuidadosamente aproveitada e encaminhada para os locais onde é mais precisa... nestes socalcos existe um pouco de tudo... mandioca, papaia, banana, couve, cenoura, tomate, batata,.... e claro cana de açúcar para fazer o famoso grogue.
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Vocês não imaginam o que é uma ilha com altas montanhas, declives imensos e cheia de culturas, e cheia de animais, e com um cheirinho a verde, a água doce, a mar e a fumo que vem do trapiche (alambique) onde se produz ainda de forma tradicional a aguardente cabo-verdiana (grogue).
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Vocês não imaginam, nem eu imaginava até ver... ver com os meus próprios olhos, até cheirar o ar que entrava nas minhas narinas, até sentir a pele fresca e húmida do ar que me rodeava, até ouvir o silêncio da natureza com os meus ouvidos poluídos pelos ruídos das cidades modernas, e claro não imaginava até provar o grogue e o ponche di mel...
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Vocês não imaginam nem eu vos sei explicar... nem eu vos sei mostrar... as minhas máquinas, as duas juntas não conseguem revelar a imensidão das montanhas e o pormenor das pequenas coisas de que é feito este mundo... este mundo que é uma vida muito particular de uma ilha única plantada no azul profundo do oceano atlântico.
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Aqui pára-se por várias razões, pára-se para comprar queijo "di terra", feito de forma tradicional a partir do leite de cabra... parei e sem sair da carrinha, pois a paragem devia ser muito curta, comprei queijo, 100$00 cada um... e que belo queijo, não resisti e mesmo sem faca e no meio de uma carrinha a abarrotar de gente arranquei um pedaço com as mãos e deliciei-me com este néctar dos homens...
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Depois da compra feita avança-se mais um bocado, até à próxima paragem... pára-se aqui e ali também porque se tem de apanhar ou largar pessoas... e quando não se trata de pessoas pára-se para carregar ou largar alguma encomenda... e isto funciona assim: de um qualquer lugar com casas por onde se passa, alguém acena e pede ao Dongo para parar, ele pára e carregam um saco grande com a encomenda lá dentro, a encomenda pode ser bananas, pinhas, madeira, queijo, doce, etc, etc. depois de carregar e segundo as instruções de quem mandou parar o Dongo segue o caminho e algumas centenas de metros mais à frente ou mesmo a poucos quilómetros, o Dongo pára a sua carrinha novamente e descarrega a encomenda. Por vezes apita ou acena a alguém para chamar a atenção, ou às vezes deixa a encomenda no meio do caminho no sítio combinado e segue a sua viagem.... mais tarde o destinatário virá ao local para recolher o bem tão precioso que aguardava. Por estes transportes o Dongo e os outros como ele não cobram nada... não precisam, eles têm a sua fonte de rendimento que é o transporte de passageiros a 300$00 por viagem do Porto Novo à Ribeira Grande... uma viagem que com curtas paragens demora cerca de 1h30 min... uma viagem que todos nós devíamos fazer...
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Da Cova até à Ribeira Grande vêm-se pessoas simples que caminham a pé, crianças que comem deliciadas um pedaço de fruta, mulheres carregadas com fardos de madeira e comida para gado à cabeça, e que no meio daquele esforço diário nos lançam um sorriso puro e lindo de se ver... vêm-se também vacas que descansam à sombra das inúmeras árvores, vêm montes de casinhas simples salpicando os montes verde de uma cor branca, casinhas típicas com telhado de colmo, casinhas que parece não terem sequer caminho para lá chegar ... vêm-se as nuvens daqui de cima, sente-se a brisa fresca da altitude, e depois de subir pelo lado seco e circular por entre curvas e contracurvas de uma estrada "talhada à mão"... começa-se a descer... e que paisagem magnífica se tem do outro lado da ilha...
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Depois da surpresa dos pinheiros e árvores frondosas na zona da Cova vem agora a vegetação a tender para o luxuriante.... vêm-se claramente os trilhos percorridos à anos pelos habitantes que cultivam aqueles socalcos criados e mantidos com tanto esforço... onde a rega se faz através de levadas de água cuidadosamente aproveitada e encaminhada para os locais onde é mais precisa... nestes socalcos existe um pouco de tudo... mandioca, papaia, banana, couve, cenoura, tomate, batata,.... e claro cana de açúcar para fazer o famoso grogue.
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Vocês não imaginam o que é uma ilha com altas montanhas, declives imensos e cheia de culturas, e cheia de animais, e com um cheirinho a verde, a água doce, a mar e a fumo que vem do trapiche (alambique) onde se produz ainda de forma tradicional a aguardente cabo-verdiana (grogue).
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Vocês não imaginam, nem eu imaginava até ver... ver com os meus próprios olhos, até cheirar o ar que entrava nas minhas narinas, até sentir a pele fresca e húmida do ar que me rodeava, até ouvir o silêncio da natureza com os meus ouvidos poluídos pelos ruídos das cidades modernas, e claro não imaginava até provar o grogue e o ponche di mel...
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Vocês não imaginam nem eu vos sei explicar... nem eu vos sei mostrar... as minhas máquinas, as duas juntas não conseguem revelar a imensidão das montanhas e o pormenor das pequenas coisas de que é feito este mundo... este mundo que é uma vida muito particular de uma ilha única plantada no azul profundo do oceano atlântico.
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