domingo, fevereiro 27, 2005

O que fazer ao fim-de-semana ??? - Parte 2

Então e o que se faz num domingo depois de um sábado maravilhoso na praia??

Vai-se a outra praia... óbvio!

O destino seguinte foi a praia da Lajinha. Esta praia está localizada dentro da Baía do Porto Grande, mesmo junto à cidade do Mindelo, e por isso a dois passos de mim ;) . Outrora esta era uma praia de areia preta e calhau, mas um dia como que por milagre a praia apareceu pintada de branco. Na altura estava-se a fazer a dragagem (penso eu) de uma zona da Baía do Porto Grande e a areia que ia sendo tirada do fundo do mar, foi colocada numa zona perto da praia. Ora como aqui é habitual haver ventanias de meia noite, houve numa dessas noite um temporal que arrastou toda a areia para a praia, e no dia seguinte começaram a haver romarias para ver o que tinha acontecido. Como todos gostaram do novo visual, a praia da Lajinha tem mantido o seu branco areal.

Ao fim-de-semana e durante as férias esta praia enche de gente, mas se formos dar um mergulhinho ao domingo de manhã ou à hora de almoço durante a semana, a praia é calma e até esquecemos que estamos junto à cidade.

Como sabe sempre bem tomar um banho de água salgada tenho ido à Lajinha à hora de almoço, sempre que posso (tenho 2 horas de almoço), estendo-me lá por um bocado ao fim-de-semana quando não vou passear a outros lados e ao fim da tarde tenho instaurado quase como sistema ir andar de bicicleta também para aqueles lados.

Não sei se algum dia me irei fartar destes passeios... espero que não. Ter como rotina uma vida saudável não faz mal a ninguém...

sábado, fevereiro 26, 2005

O que fazer ao fim-de-semana ???

Pois esta é um óptima pergunta para quem está a viver numa ilha...

As viagens de avião são caras e por aqui também não abundam os barcos tipo lancha para chegar rápido a qualquer lado. Então não tenho tido outra alternativa senão ir conhecendo esta pequena ilha no meio do ocenao atlêntico plantada.

No 1º fim-de-semana após o meu regresso fui logo dar uns bons mergulhos nestas maravilhosas praias. São Pedro foi o destino escolhido para sábado e devo dizer que foi do melhor... a praia está sempre deserta, a areia é branca com manchas de preto, a água é transparente... tem um bocadinho de vento (pequeno inconveniente), mas este traz o som das ondas a mergulhar na areia, o som do maior jogo de futebol de praia que está a acontecer na outra ponta da praia, e também o som do suave deslizar nas ondas dos barcos de pesca que a meio da tarde regressa para vender o seu peixe.

A praia é tão grande e tão só para mim... que não resisti e fui palmilhar o areal de um lado ao outro. As pequenas aves que se alimentam de minúsculos seres que são arrastados pelas ondas fogem de mim numa correria louca mais rápido do que quando fogem das ondas. Eu vou deixando as minhas pegadas, marcas efémeras da minha presença no paraíso, que o mar e o vento se encarregam de apanhar em minutos. Demoro cerca de 45 minutos (no meu tempo sem relógio) a percorrer a praia, ao chegar ao outro lado páro para fotografar a menina linda que brinca com a areia, para fotografar também o famoso jogo de futebol, para assistir à preparação de búzios acabados de apanhar e para ver como é festejado o regresso das pequenas embarcações que diariamente balançam nas ondas do oceano.

Reparo então que nesta parte da costa descansam eternamente os esqueletos enferrujados dos barcos que perderam a noção de orientação e não escaparam de afundarem junto à ravina. Volto-me para trás e reparo que na outra ponta da praia, a espreitar de um precepício na rocha está um igreja, ou será um farol disfarçado de igreja? Esta construção parada a olhar o horizonte à espera de barcos que por ali passem e a dar as boas vindas a quem aterra no aeroporto de S. Pedro, não tem aparentemente um trilho pedonal nem estrada para se poder lá chegar. Mas com o tempo tenho a certeza que descobrirei este caminho tal como descobrirei outros que ainda só ouvi falar.

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

A primeira semana no Paraíso

Quando se chega a um novo país para trabalhar durante nove meses não se pode pensar em viver num hotel. Durante a primeira semana senti na pele as várias razões que me fazem ir para um hotel apenas durante as férias. O hotel só tem um quarto e uma casa de banho, não tem cozinha nem sala para receber as visitas. O hotel está bem localizado, até demais para a época do carnaval. Durante esta semana todos os dias há barulheira na rua e é impossível dormir entre as 8 da noite e as 5 da manhã, o que para quem tem que trabalhar é muito mau.
Como o meu sono já estava a precisar de ser contínuo, andei a semana toda à procura de casa, o que é uma seca... principalmente para quem tem pressa e vai viver para um novo país. Aqui as pessoas assumem que se és branco, então és turista e portanto tens dinheiro, se não és turista é porque estás a trabalhar cá e portanto é a empresa que te paga o alojamento... Ora no meu caso não podiam estar mais enganados, não sou turista e a empresa não me paga o alojamento, dá-me uma bolsa que eu tenho que gerir da melhor forma... Só que as pessoas aqui não querem compreender isso e então querem alugar-me casa pelo dobro do preço a que alugaria a um caboverdiano. Para além do preço das casas, ainda há outra questão... estamos numa ilha, mas nem por isso há casas com vista para a baía. São raras as casas que têm vista, e normalmente já estão ocupadas, Bolas!!! e eu que queria tanto uma casinha com vista...
Nos curtos períodos que não andava à procura de casa, fui conhecendo as pessoas da ELECTRA e fui conhecendo um pouco mais desta cidade. Andei a pé todos os dias de uma ponta à outra da cidade, mas como a cidade é pequenina nunca demorava muito tempo nestas voltas e rápidamente já estava na Lajinha (a praia daqui da cidade) ou na Praça Nova (onde todas as noites os locais vão fazer grogue). E perguntam vocês "o que é fazer grogue?", primeiro que tudo eu já provei o famoso grogue, e groque é uma espécie de aguardente fortíssima que eles preparam cá de forma caseira, e que é tão alcoólico que evapora assim que entra em contacto com a boca de quem o prova. O grogue é feito numa espécie de prensa que se tem de fazer girar e que normalmente é empurrada ou por homens ou por animais, que vão andando à volta. Assim, em analogia com o processo de fabrico do grogue as pessoas saiem á pracinha para ir fazer grogue, ou seja para andarem às voltas da Praça Nova. E enquanto uns passeiam e se mostram a quem por ali anda, os outros estão sentados a apreciar as vistas...