quarta-feira, novembro 26, 2008

Convite

Pessoal, que tal umas bejecas e uns minuins na tasca ali do lado?

Ensaio sobre a cegueira

terça-feira, novembro 25, 2008

Estrelas

"As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu porém, terás estrelas como ninguém... Quero dizer: quando olhares o céu de noite, (porque habitarei uma delas e estarei rindo), então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem sorrir! Assim, tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo (basta olhar para o céu e estarei lá). Terás vontade de rir comigo. E abrirás, às vezes, a janela à toa, por gosto... e teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!"

Antoine de Saint-Exupéry

segunda-feira, novembro 24, 2008

Mamma Mia

E o fim-de-semana começou bem... para relaxar um bocadinho "Mamma Mia" no cinema mais perto de casa depois de jantar um fondue caseiro... a sala com o ecrã gigante, do qual já tinha muitas saudades, estava praticamente vazia e isso soube-me tão bem... Adoro ver filmes à vontade, assim posso rir sempre que me apetece sem me preocupar com o que os outros pensam. E desta vez para além de rir cantámos, eu e a minha irmã, praticamente todas as músicas que passaram no filme. Não sou propriamente fã dos ABBA, mas quando era pequena lembro-me bem de por o disco de vinil a tocar no gira discos, que ainda hoje funciona a custo, e de nós as duas de microfone em punho disputarmos a glória do momento perante as caras risonhas dos pais e avós que nos aplaudiam e fotografavam. Tal como os Beatles e alguns discos de Bossa Nova, os ABBA fizeram parte da minha infância, e mais do que ver na 6ª feira um filme de amor passado numa qualquer ilha grega, ao melhor estilo dos contos de fada, revivi pedaços sorridentes da minha infância. Saí do cinema mesmo no fim do filme, no fim da música, fomos as últimas a sair e saímos a dançar.

sexta-feira, novembro 21, 2008

Muito sol

Consegui terminar mais uma tarefa, às vezes não é fácil e este não foi um mês fácil, mas esta etapa chegou ao fim.
A todos bom fim-de-semana, muito sol, muitos sorrisos, livros, música, almoços, jantares, convívios e sonos repousantes... (acho que finalmente vou conseguir dormir).
Mil beijinhos

quinta-feira, novembro 20, 2008

Alma de criança

Prof.: - O que estás a fazer?
Criança: - Um desenho.
Prof.: - Estás a desenhar o quê?
Criança: - Estou a desenhar Deus.
Prof.: - Mas ninguém sabe como Deus é!
Criança: - Em 1 minuto vão saber.

Deus Toth

Parece que as pessoas estão sempre à procura de justificações para o que não conseguem ou não querem explicar acerca do seu "Eu", acerca do que são, do que sentem, do que fazem... Numa dessas buscas, que eu própria acabo por fazer mesmo que não de forma sistemática nem mesmo de forma pensada ou consciente, cruzei-me com uma breve descrição do Deus Toth, que em teoria seria o deus egípcio protector do meu mês de nascimento. E a descrição é a que se segue.

"É uma divindade auto-concebida, que apareceu no mundo sobre uma flor de lótus, no amanhecer dos tempos. É um dos deuses primordiais. É o senhor das palavras, criador da fala e da escrita, deus do tempo e das medidas, criador de todas as ciências, portador das forças civilizadoras. É representado como um homem com cabeça de Íbis, a ave sagrada. Por ter recuperado o olho de Rá, que tinha fugido para Núbia na forma de Tefnut, como prêmio o deus Rá deu a Toth a Lua, e o transformou no deus do disco branco, governador das estrelas; também foi advogado do deus assassinado, Osíris, e de seu filho Hórus. As pessoas nascidas sob sua proteção têm grande capacidade de comunicação e uma inteligência rápida e penetrante. Seus protegidos têm uma natureza dupla, nervosa e inconstante, são muito ativos, sempre inventando coisas para fazer ou dizer. Embora sensíveis como a flor de lótus, no amor eles são frios como a lua e inconstantes como as aves, voando de galho em galho."

Agora digam-me... será que todos os gémeos são assim? será que eu própria sou assim ? só assim? a minha resposta é um redondo NÃO. Ainda posso concordar um bocadinho com a parte "têm uma natureza dupla, nervosa e inconstante, são muito ativos, sempre inventando coisas para fazer" mas julgo que tudo o resto, e mesmo esta expressão, não passa muitas vezes de um conjunto de palavras que, igual a todos os outros, diz tudo a quem procura um pouco que seja e não diz nada a quem nada procura... Perceberam, ou baralhei-me? O que quero dizer é que lemos e interpretamos apenas o que estamos predispostos a ouvir, e nem sempre temos o botão da racionalidade ligado para podermos distinguir o que são ideias do que são verdades.

quarta-feira, novembro 19, 2008

Piadinha

«The USA have Obama, Stevie Wonder, Bob Hope and Johnny Cash. We have Sócrates, no wonder, no hope and no cash…».

terça-feira, novembro 18, 2008

Análises

Isto de acordar às 7h da manhã depois de um jejum de 12 horas e ir direitinha para o laboratório de análises para nos espetarem uma agulha no braço e tirarem sangue... está mal... e dói. Percebem?
Ia desmaiando... a sério... agulhas não é comigo. Sentada na cadeira começo a ver tudo a andar à roda, lá tenho que despejar um pacote de açúcar para dentro da boca e depois arrastar-me cambaleante para o bar para finalmente comer alguma coisa a custo.
A analista com um sorriso nos lábios dizia-me assim "um dia que queira engravidar vai ter de se habituar, ou então terá um problema", e eu pensava cá para mim "vou ter mesmo um grande problema, porque habituar-me é mentira".

segunda-feira, novembro 17, 2008

Regresso a Santos

Quando andava no liceu e durante a faculdade, ir aos bares de Santos era algo habitual para mim. Se calhar não tanto como para alguns amigos, mas ia duas vezes por mês, mais coisa menos coisa. Mas sinceramente sempre achei que eram poucos os sítios que passavam boa música, e como nunca fui para lá para beber até cair para o lado... acho que ia mesmo para estar um bocado à conversa enquanto os interlocutores ainda diziam coisas coerentes e depois acabava sempre ou por ir para casa, ou para o Bairro Alto ou, de vez em quando, dançar numa qualquer discoteca com os mais resistentes.
No fim-de-semana, passados cerca de 7 anos, regressei com amigos aos bares de Santos, e chegámos à conclusão que nada mudou. A qualidade da música é a mesma, nem melhor nem pior, continuam a cambalear por ali magotes de gente de todo o tipo, e cá fora, à porta dos bares (sempre foi o meu sítio de eleição) ficámos à conversa, os mesmos do costume, com a sobriedade do costume, a falar da amizade que nos mantém unidos aqui em Santos ou em qualquer outra sítio. Gargalhadas soltas, sorrisos cúmplices, desabafos bons, perguntas directas com respostas prontas, abraços e brindes.
Obrigada amigos. Um beijinho

Consultas em pós-laboral

Pode parecer estranho à maioria das pessoas, mas para mim já não é... As consultas com o meu ginecologista são sempre a horas muito fora do normal, impraticáveis para grande parte das pessoas.
A primeira consulta estava marcada para as 19h, como a clínica é perto da casa da minha avó, decidi ir jantar com ela e fiquei lá a fazer-lhe companhia até que me telefonassem para o telemóvel a avisar que podia ir para o consultório (tal como estava combinado), eram 21h e ainda não tinha sido chamada... entrei na consulta às 22h.
A 2ª consulta foi marcada para as 22h e só se atrasou para as 22:30h, até que não foi nada mau.
A 3ª estava para as 19h, mas como havia um jogo de futebol de Portugal a essa hora o médico ligou-me a perguntar se não me importava de passar a consulta para depois do jogo, obviamente não me importei. A alternativa de ver o jogo com o médico a meio de uma consulta de ginecologia não me parecia muito viável...
A 4ª consulta era para ser às 22h e foi-se atrasando para as 24h quando fui atendida.
Mas a melhor de todas foi mesmo a última consulta. Estava prevista para as 21h, claro que quando foi marcada, fui logo avisada "sabe que pode não ser bem às 21h...", "eu sei, deve ser mais pelas 22h ou 23h, não se preocupe" respondi eu. Então nesse dia saí do trabalho fui ter com uma amiga minha e fomos jantar. Avisei logo que tinha uma consulta que devia estar a ser atrasada a qualquer momento. Às 19h recebo um telefonema a dizer "já temos uma previsão para a sua consulta, não se assuste, está prevista para a 1h da manhã", eu largo uma gargalhada e digo "não se preocupe que eu vou jantar fora, até me dá jeito". Depois viro-me para a minha amiga e digo "Susy, temos até à 1h", resposta dela "se não estivesses aqui comigo não acreditava". Lá fomos jantar e por a conversa em dia. O atraso do ginecologista veio mesmo a calhar, soube tão bem ter aquele tempo todo para conversar contigo. Já estávamos a precisar deste tipo de momentos. Com o telemóvel sempre por perto para não falhar as horas, vejo que recebo uma mensagem, a consulta foi atrasada para a 1:30h, e pronto, "tens de me aturar mais meia-horita". Às 2h da manhã fui atendida e cheguei a casa às 3h. Que longo dia...
Porque é que continuo a ir a este médico? Porque ele é o melhor. E não me importo nada de esperar para ser atendida por ele, confio a minha saúde na experiência dele. Porque me havia de importar se ainda por cima me dá a oportunidade de combinar encontros com amigas e com a família de cada vez que espero por ele?

domingo, novembro 16, 2008

E se Obama fosse africano?

"Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.
Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos.
Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.
Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: " E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto. E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?
1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.
2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.
3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.
4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano". O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?).
5. Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas – tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.
6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores.
Inconclusivas conclusões
Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.
Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.
A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.
Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público.
No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo.
Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia."

Mia Couto
14/11/2008, jornal Savana, Maputo

sexta-feira, novembro 14, 2008

Pela Paz

Acho que por vezes ficamos demasiados passivos e calados, quando a alternativa de agir não custa mais do que mandar um mail, mesmo para os que "não têm tempo".
Agora, como noutros casos, é preciso que unamos esforços e façamos ouvir a nossa voz "Stand with the people of Congo" para que um dia não sejamos nós a precisar de ajuda.

"Na primeira noite, eles se aproximam
E colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem,
Pisam as flores, matam nosso cão,
E não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles,
Entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e,
Conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada,
Já não podemos dizer nada."

Maiakovsky

quinta-feira, novembro 13, 2008

Jornalismo

Hoje no Correio da Manhã, a propósito da eleição de Obama, Leonor Pinhão escrevia assim:
"(...) "Então, já notaste muitas mudanças no Mundo?" Sim, imensas. E George W. Bush também já notou. Esta semana recebeu a família Obama para um chá na Casa Branca e conduziu o presidente eleito à sala Oval. Isto foi esta semana. Porque há quatro anos, quando se conheceram, a primeira coisa que Bush fez depois de cumprimentar o negro foi ir a correr à casa de banho lavar as mãos. Por causa "das constipações" explicou Bush na altura. Esta semana nem espirrou. Porque o Mundo mudou."

O que tenho na minha secretária?

O que vamos acumulando no metro quadrado em que nos confinamos a maior parte do nosso dia, pode dizer muito de nós. Ora hoje dei por mim a olhar para o que tenha em cima da minha secretária e a lista é no mínimo variada, já para não dizer estranha aos olhos dos que a vêm de fora.

Para além do computador, teclado ergonómico e monitor plano topo de gama, sempre o melhor e mais actualizado da empresa (devo ser a menina mais pedinchona de bons monitores que já passou por aqui), tenho ainda um rato normalíssimo, um tapete de rato da empresa (porque eu sou daquelas pessoas que veste a camisola da empresa onde trabalha) e ainda um apoio para o pulso que é nada mais nada menos do que uma vaca de gel (que já mereceu variadíssimos comentários sempre divertidos).

Tenho depois todos os utensílios que se consideram indispensáveis num escritório, uma caixa tipo "desk set" com milhentas canetas de todas as cores, sendo que algumas funcionam e outras nem por isso, lápis, lapiseiras, réguas, borrachas, correctores, agrafadores, furadores, clips, molas, post-its novos e outros cheios de notas, tesoura, minas, e outras coisas mais.

Do lado esquerdo do computador tenho 5 pilhas de papéis e dossiers, que resumem todos os assuntos em que estou sempre a trabalhar e que acabam sempre por ser o meu arquivo e a minha biblioteca diária.

Um manual de Hidraúlica e um de Gestão de Resíduos, as minhas bíblias, fazem companhia a um pacote de bolachas e à minha caneca de chá cor-de-rosa que tem gatos desenhados e que me acompanha sempre para todos os trabalhos (já tive várias versões, mas o chá fez sempre parte).

E depois no meio disto tudo vêm as coisas mais pessoais: Um copo para as canetas, em madeira que veio de Moçambique que traz imensas recordações e me leva um bocadinho às minhas origens; 3 gatos (2 em madeira e 1 em pêlo) que me acompanham desde o meu primeiro trabalho, um deles desde o meu primeiro dia; 1 burro para me relembrar que nunca somos donos e senhores do saber e que temos sempre muito ainda por aprender; 1 barco em madeira que veio de Cabo Verde para recordar o trabalho que fiz lá e para recordar que a vida é uma viagem; 1 coral que existe desde que me lembro de mim; 1 pá de colocar cimento que veio do meu 3º trabalho para me lembrar que tudo na vida se constrói; 2 cavalos porque os adoro e admiro; 1 gota de água anti-stress e para lembrar que este é um bem precioso; 1 bruxinha protectora dos animais que me trouxe um amigo do caminho de Santiago; 1 borboleta efémera e bela, livre como o vento.

Confuso? não.... no meio do que parece ser esta confusão está muita muita organização.

quarta-feira, novembro 12, 2008

Se eu pudesse...

Se eu pudesse escolher o que fazer à hora de almoço do dia de hoje sem restrições nenhumas de espaço, tempo ou dinheiro, o que é que escolhia?
Tenho duas respostas, uma para se fosse um lugar/espaço/tempo já conhecido e já passado, outra para uma nova ideia, um novo lugar. Mas hoje escolho um sítio do passado.
Teletransportava-me para o Vietnam, mais precisamente para uma embarcação tradicional com a proa em forma de cabeça de dragão que navega deslizante pelas águas lisas do rio Perfume, partindo de Hue a cidade imperial, e almoçava aqueles deliciosos springrolls, aqueles noodles, aqueles indecifráveis acepipes de todas as cores e feitios, que foram confeccionados a bordo. Recostava-me depois tranquilamente a apreciar a paisagem que passa devagar, os templos que se sucedem, as embarcações de pesca tradicional à rede, os chapéus em bico, repouso a minha mão na água do rio, troco sorrisos com os meus companheiros de viagem e penso "Amigos, como é bom estar aqui".

terça-feira, novembro 11, 2008

1ª Árvore de Natal

Este ano vou comprar a minha primeira árvore de Natal, mas esta tarefa simples está a revelar-se bem mais complicada do que eu pensava. Primeiro vão dos 5€ aos 199€, ridículo... depois há-as de todas as cores: verdes, azuis, vermelhas, douradas, castanhas, pretas, prateadas, de arame, de luz, de ráfia, enfim... Algumas nem parecem árvores de natal... Com esta variedade toda tive que primeiro definir o que é que eu procurava: uma árvore tipo pinheiro, verde, até 1,50m de altura, farfalhudo, fácil de arrumar e que não se desfaça de cada vez que passe uma brisa.
Não, não opto por nenhuma árvore natural, e a explicação é simples, a maior parte das árvores naturais que se vendem nesta época não as cortadas por haver excedente, são mesmo as que se cortam para fazer dinheiro. Ainda se fosse para ajudar ao ordenamento da floresta portuguesa ou qualquer coisa do género, mas agora para encher os bolsos de alguns e contribuir para o abate descontrolado de pequenas árvores... isso não. Por outro lado podia ser uma planta natural envasada sem ser cortada, mas aí iria estar a condenar a pequena planta a uma morte lenta, visto ter as janelas fechadas ao longo de todo o dia e o sol só entrar lá em casa ao fim-de-semana quando eu tenho tempo para as lides da casa. Tenho ainda uma outra opção, armar-me em louca comprar dezenas de metros de luzes de exterior, trepar para a árvore do relvado que existe à entrada do prédio e decorar ao meu gosto. Mas aí o mais provável seria ser visitada por uns senhores simpáticos de bata branca que me levariam numa carrinha almofadada para um sítio calmo para descansar.
Optando então pela solução mais racional e razoável, ou seja "árvore tipo pinheiro, verde, até 1,50m de altura, farfalhudo, fácil de arrumar e que não se desfaça de cada vez que passe uma brisa" verifiquei que as lojas do Chinês ficam logo postas de parte, bem como todas as árvores baratinhas (até 29,90€). Agora, resta-me percorrer alguns hipermercados e centros comerciais (bolas...) em horas de jogos de futebol que é para ver se não sou atropelada pela enchente de gente em crise que compra quinhentas mil coisas desnecessárias com o parco ordenado que recebem todos os meses e com o crédito pessoal que foi aprovado à 15 dias num balcão de um qualquer banco.
Para não desanimar, e caso não tenha paciência para me aventurar nesta odisseia (que é o mais provável) comprei um mini-pai natal autocolante que já aderiu à janela da minha sala, e por este andar já não deve conseguir sair de lá nos próximos 10 anos... (é da loja do chinês do bairro).
Entretanto vou descobrindo os enfeites que tinha guardado para a dita árvore de natal e vou espalhando pelas estantes... fica original. Se calhar é mesmo melhor pensar em criar a minha tradição natalícia lá em casa e esquecer, pelo menos por este ano, as tradições que tenho desde pequena.
Se tiver coragem ainda pergunto ao meu colega João quando é que o Benfica joga que é para ir nessa hora ao AKI.

segunda-feira, novembro 10, 2008

Chá no Bairro Alto

O que fazer ao fim-de-semana?
Por vezes a imaginação esgota-se com o stress e o cansaço da semana, e esta vez parecia não estar a ser excepção.
Sexta jantar com os amigos, finalmente conseguimos reunir o grupo todo, ou quase todo, e foi muito muito bom.
No sábado dormir, ler, passear e tratar daquelas coisas chatas da casa, mas que todos temos de fazer.
Domingo - tempo para descansar mais um bocadinho e depois um chá/lanche revigorante com as amigas. "Vamos onde?" "Aqui ao lado", "Um bocadinho mais lá à frente", "A esta casa de chá"... hum... a indecisão do costume... e fomos parar a um dos meus sítios preferidos - Bairro Alto.
Parámos o carro no Príncipe Real com o objectivo de ir dar a conhecer o Pavilhão Chinês, que eu adoro, a uma das amigas, mas estava fechado.
Enquanto caminhávamos pela R. D. Pedro V iam surgindo algumas surpresas, todas as lojas e galerias estavam abertas, ouvia-se música em toda a rua e passeava um casal trajado à século XIX.
Fomos descendo à procura de uma mesa numa das pastelarias ou casas de chá, mas tudo estava cheio, parámos no miradouro junto à Calçada da Glória para apreciar a vista e a luminosidade magnífica da nossa cidade de Lisboa.
Continuámos a descida e finalmente encontrámos um recanto no café Royale já perto do Largo do Carmo.
À falta de sconnes vieram as torradas esquisitas e largos minutos de conversa.
Já era noite quando decidimos retomar a subida e o regresso a casa, o friozinho do Outono já estava a apertar principalmente para quem tinha decidido andar com roupa de verão, como tinha sido o meu caso.
Ao chegar novamente à R. D. Pedro V a música chegou novamente aos nossos ouvidos, mas desta vez ouviam-se também cantores que às janelas de um dos edifícios cantavam para quem passava e quisesse ficar a ouvir.
Dezenas de pessoas ficaram paradas nos passeios, os carros abrandavam e ficámos ali até ao fim.
Aplausos e mais aplausos... a melhor para mim foi "Amsterdam" de Jacques Brel... ouvi-la assim, uma música que adoro, num lugar que me é muito querido.... ai Lisboa Lisboa, são estes os momentos que ficam em mim.


sexta-feira, novembro 07, 2008

Estes últimos dias têm sido de loucos... a ansiedade parece que decidiu voltar a entrar em mim... isto não pode ser. Preciso gastar energias, dançar, correr, dar murros, nadar, gritar,... o que seja... preciso disso tudo e de dormir profundamente também, e de preferência antes de começar a bater com a cabeça nas paredes.
Tenho acordado sempre antes do despertador... sei que muitos de vocês dizem que isso não é nada mais do que o normal... mas não me venham dizer que depois de me deitar à 1h da manhã, é normal acordar às 5h sabendo que o despertador só estava programado para tocar às 7h... E agora imaginem isto todos os dias... Bolas, já chega.

Se isto continua assim o mais provável é cumprir rapidamente com todos os pontos do post anterior... e nessa altura o melhor mesmo é preparar-me para meter baixa por insanidade, não tenho a menor dúvida que qualquer médico ma dará de bom grado sem ser sequer necessário ir lá pedir.

Mas antes que isso aconteça, amigos preparem-se, hoje quero borga, quero e, se não desmaiar de sono, vou sair para dançar.

Como mostrar e manter um certo nível de insanidade

1. Na sua hora de almoço, sente-se no seu carro estacionado, ponha os óculos escuros e aponte um secador de cabelos para os carros que passam. Veja se eles diminuem a velocidade.
2. Sempre que alguém lhe pedir para fazer alguma coisa, pergunte se quer batatas fritas a acompanhar.
3. Encoraje os seus colegas de gabinete a fazerem uma dança de cadeiras sincronizada consigo.
4. Coloque o seu recipiente do lixo sobre a mesa de trabalho e escreva nele, 'Entrada de Documentos'.
5. Desenvolva um estranho medo aos agrafadores.
6. Ponha café descafeinado na máquina de café, durante três semanas. Quando todos tiverem perdido o vício da cafeína, mude para café expresso.
7. No verso de todos os seus cheques, escreva, 'referente a suborno'.
8. Sempre que alguém lhe disser alguma coisa, responda, ' isso é o que tu pensas '.
9. Termine todas as suas frases com, ' de acordo com a profecia'.
10. Ajuste o brilho do seu monitor para o ní­vel máximo, de forma a iluminar toda a área de trabalho. Insista com os outros de que gosta assim.
11. Não use pontuação nos seus textos.
12. Sempre que possível, salte em vez de andar.
13. Pergunte às pessoas de que sexos são. Ria, histericamente, depois delas responderem.
14. Quando for à Ópera, cante com os actores.
15. Vá a um recital de poesia e pergunte por que é que os poemas não rimam.
16. Descubra onde o seu chefe faz compras e compre exactamente as mesmas roupas. Use-as um dia depois do seu chefe as usar. Tem, ainda, mais impacto, se o seu chefe for do sexo oposto.
17. Mande E-mail's para o resto da empresa, dizendo o que está a fazer, em cada momento. Por exemplo: 'Se precisarem de mim, estou na casa de banho'.
18. Coloque um mosquiteiro à volta da sua secretária e ponha um CD com sons da floresta, durante o dia inteiro.
19. Quando sair dinheiro da caixa Multibanco, grite.
20. Ao sair do jardim zoológico, corra na direcção do parque de estacionamento, gritando, 'Salve-se quem puder! Eles estão soltos!'
21. À hora do jantar, anuncie aos seus filhos: 'devido à nossa situação económica, teremos de mandar embora um de vós’.
22. Todas as vezes que vir uma vassoura, grite, 'Amor, a tua mãe chegou!'

quinta-feira, novembro 06, 2008

Girl talk

Ontem a minha amiga Sónia, amiga de longa data, desde o colégio, foi passar uma parte do serão comigo... o tempo passou demasiado depressa, mas mesmo assim conseguimos por a conversa em dia. Entre um brinde e outro aos bons velhos tempos, ao presente e ao futuro, recordámos histórias e rimos um bom bocado, como é hábito sempre que nos encontramos.
Obrigada amiga.
À nossa.

Nothing sweet about me

Ooh, watching me
Hanging by
A string this time
Don't, easily
The climax
Of the perfect lie
Ooh, watching me
Hanging by
A string this time
Don't, easily
Smile worth
A hundred lies

If there's lessons
To be learned
I'd rather get
My jamming words
In first, so
Tell you something
That I've found
That the world's
A better place
When it's
Upside down, boy

If there's lessons
To be learned
I'd rather get
My jamming words
In first, so
When your playing
With desire
Don't come running
To my place
When it burns
Like fire, boy

Chorus (4x):
Sweet about me
Nothing sweet
About me, yeah

Blue, blue, blue
Waves, they crash
As time goes by
So hard to catch
Too, too smooth
Ain't all that
Why don't you ride
On my side
Of the tracks

If there's lessons
To be learned
I'd rather get
My jamming words
In first, so
Tell you something
That I've found
That the world's
A better place
When it's
Upside down, boy

If there's lessons
To be learned
I'd rather get
My jamming words
In first, so
When your playing
With desire
Don't come running
To my place
When it burns
Like fire, boy

Chorus (6x):
Sweet about me
Nothing sweet
About me, yeah

Gabriela Cilmi

quarta-feira, novembro 05, 2008

Desculpa... mas explodi


Os lugares da minha vida

Já vivi em muitos sítios e viajei por muitos lugares, todos deixaram marcas, de todos tenho lembranças e memórias que fazem de mim quem sou e que moldam o que penso do mundo.
Hoje listo os lugares onde morei, e chego à conclusão que a maior parte começa pela letra M, M de Maravilhoso:
- Carnaxide, Portugal: desde que nasci em 1978 até que fui para o interior do país
- Manteigas, Portugal: enfiada num vale da Serra da Estrela entre 1985 e 1989
- Maputo, Moçambique: durante a guerra civil entre 1989 e 1992
- Miraflores, Portugal: colégio, liceu, faculdade e primeiros anos de trabalho (4 trabalhos em 4 anos), entre 1992 e 2004
- Mindelo, Cabo Verde: ilha de festa onde não se pode ter sono, durante 2005
- Miraflores, Portugal: regresso a casa, novo trabalho, novos desafios, crescer, entre 2005 e 2008
- Carnaxide, Portugal: mais um regresso mas para uma nova casa e uma nova vida, a minha primeira casa, T2 à minha medida, 2008

Lugar seguinte? esperem para ver...

Yes we can

Sim podemos. Podemos sempre.
Não é só uma expressão dita e aplicável a Barack Obama, é também uma expressão aplicável a muitos dos que conheço. Amigos e amigas que abraçaram e abraçam ainda novos desafios, que se lançam em novos rumos e novos percursos de vida. Mudam de país, de emprego, têm filhos, partem para o desconhecido e fazem dele o seu dia-a-dia, conhecem novas realidades e fazem-nas suas.
Deixando Portugal para trás numa fase das suas vidas relembro a menina de caracóis vermelhos que se lançou na descoberta da arquitectura tradicional da ilha de Santo Antão; a sonhadora bióloga que mergulhou primeiro por mares de S. Vicente e depois por mares açorianos; a morena que se apaixonou por Moçambique quando foi numa missão de apoio ao desenvolvimento e desde então ficou amarrada a África, passando da baía de Maputo para a agitada Luanda e agora lançando-se na maravilhosa aventura da maternidade; o casal que queria ter filhos e não podia, viajou para o Mindelo onde encontrou a menina dos olhos doces a que hoje chamam sua filha; o menino das bermudas que sempre soube tudo, partiu para o frio de Bristol onde desenha as asas que me levam para o outro lado do mundo.
Deixando outras paragens ainda lembro a menina sorridente e agitada que hoje cumpre o seu sonho na grande barreira de coral da Austrália; os dois espanhóis que tinham um bar em Barcelona e que decidiram pura e simplesmente deixar tudo e viver aquele ano no Mindelo para depois seguirem rumos diferentes e seguirem as suas vidas...
Todas estas pessoas e muitas muitas mais, sem esquecer as que não partem mas que ficam e cumprem cá os seus sonhos e desejos, todas estas lutaram e lutam pelo que querem, pelo que acreditam, pela sua vida. E todas estas disseram e ainda dizem "Yes I Can"

terça-feira, novembro 04, 2008

ZEN

Hoje preciso mesmo de ter o meu momento Zen... tenho que fugir à hora de almoço e deixar que os meus pensamentos voem para longe daqui.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Aboborita escrevia assim...

Chegam de novo as aves e as flores
cobrindo a terra alumiada,
renasce uma natureza perdida
com a primavera abençoada.

Beija-me a pele,
abraça o meu corpo esfaimado,
sacia minha sede de paixão,
toca com os lábios a minha face,
afasta os cabelos doirados
enaltecendo meus ombros,
tocam-me os raios divinos
alimentando meus olhos,

Os dedos brincam nos seios
descobertos pela suave brisa,
cantam os anjos nas nuvens
que se apressam na despedida,

Grita o sol bem alto
com regozijo profundo,
soltam as flores o odor
que reconforta o meu mundo.

Liberta-se então a minha alma
ouvindo as aves cantar,
santa melodia do monte
que corre desesperadamente para o mar.

A brisa me eleva bem alto,
acima da terra e do mar,
bate o coração mais forte
ansioso por estar a sonhar,

A paixão sobe-me ao rosto
fazendo meus olhos brilhar,
brinca o vento em meu corpo
tornando-o livre como o mar,

Soltos meus cabelos voam
o mais alto que podem chegar,
tocam o azul do céu infinito,
fim deste mundo bendito,

que me dá conforto e paz.