quarta-feira, setembro 26, 2007

Manteigas


Talvez muitos de vocês não saibam, mas eu vivi num sítio lindo entalado no meio da Serra da Estrela, que se chama Manteigas.

E hoje recebi um comentário inesperado a um dos posts neste blog que me fez relembrar tudo o que vivi e todos os que conheci.


Fui para Manteigas em 1985 (se a memória não me falha), era ainda muito miúda, entrei para a primária e a minha irmã (mais nova 3 anos) entrou para o jardim infantil. A minha escola, de arquitectura típica da época salazarista, tinha um ar imponente e frio, mas com o passar do tempo, foi ganhando uma dimensão humana que nunca esqueci.

Lembro-me ainda hoje das brincadeiras que fazíamos de Verão e de Inverno, da pintura do mural da escola, dos passeios ao rio, das caminhadas para casa com todos os amigos, de jogar às escondidas, de saltar ao elástico, da marmita que levava com o lanche... e de milhares de outras pequenas e grandes coisas que me fizeram ser quem hoje sou.

Lembro-me de todas as caras e da maior parte dos nomes, lembro de momentos de pura felicidade que partilhei com este amigos de infância, amigos que se foram separando com o tempo, mas que continuam a habitar na minha memória.

Muitas vezes pergunto-me o que será feito de todos e de cada um deles.

Gostava de ter acompanhado um bocadinho do percurso de cada um, gostava de saber se ainda temos semelhanças, se nos complementamos ou se aqueles foram momentos singulares da nossa vida.

Gostava de saber que vida têm, se estão bem, em quem se tornaram... gostava que cruzassem novamente o meu caminho, nem que fosse por breves instantes, para recuperarmos histórias e gargalhadas desses tempos.


Hoje quando recebi aquela mensagem revivi 4 anos da minha vida.

Hoje, passados 18 anos desde que saí do meio da serra, relembro todos os que fizeram e ainda fazem parte da minha vida. Todos os que cresceram comigo, todos os que partilharam comigo momentos, todos os amigos que nessa altura foram tão importantes para mim.


Obrigada a todos por terem existido para mim.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Carta às minhas amigas

Estou tão irritada hoje...

acordei cheia de pica, com um sorriso enorme nos lábios e cheia de vontade de dizer bom dia a toda a gente. Mas ainda antes do almoço conseguiram pôr-me de rastos... Bolas.
Algumas pessoas estão sempre de mau humor, outras são todas sorrisos mas falam-nos com um ar tão cínico que até enjoa, outras nem bom dia dizem, e há ainda outras que são sempre iguais... cinzentas... em que nada muda.... acho que até a roupa é igual todos os dias...

Hoje está a custar-me muito mas mesmo muito estar aqui.... o Sol está a brilhar lá fora, e a brisa.... a brisa é bem mais pura que o ar condicionado que me mantém acordada.
Hoje era claramente um dia para estar na rua, a fazer qualquer coisa desde que fosse na rua.... em vez disso estou para aqui enfiada no meu "bunker" a levar com a luz artificial em cima e com o barulho irritante das máquinas que me rodeiam.

Assim, não tarda muito para me sentir doente.
O que vale é que sei que são muito raros os dias em que me sinto assim. Sei bem que amanhã a neura já terá passado e tudo vais voltando aos poucos à normalidade possível.
Por isto tudo, preciso mesmo de um jantar urgente, 6ª feira? sábado? quando quiserem desde que não passe muito tempo.
Acho que passamos demasiado tempo longe umas das outras e isso não é nada bom. Apesar de vos sentir aqui perto, preciso à mesma de vos ver e ouvir a vossa voz, preciso de desabafar e rir um bom bocado, apanhar uma piela caso seja preciso...
Hummmm, bora nessa?
Até já estou a ficar mais animada.
Já me apetece rir outra vez... só de me lembrar de algumas vezes que estamos juntas....
viva as GMB
Mil beijinhos para todas
Ana

sexta-feira, setembro 21, 2007

A história da Pantufa

À cerca de 1 mês e meio apareceu aqui uma cadelinha preta, de pêlo encaracolado, muito pequenina e cheia de medo. Andava sempre afastada das pessoas, mas a pouco e pouco, e porque a fome começava a apertar, a Pantufa (como foi entretanto baptizada) começou a chegar perto de nós. A princípio vinha a tremer, com o rabinho entre as pernas e punha-se logo de barriga para o ar, numa posição de submissão total. Percebemos então que deveria ter passado maus momentos antes de chegar aqui.
Com o passar dos dias a confiança foi aumentando, a tal ponto que, passadas 3 semanas, já vinha a correr atrás de nós a abanar o rabo e a pedir festinhas. A meiguice que tinha no olhar era óbvia, e o contentamento com os miminhos era retribuído com muitas festas.
Nesta altura percebemos que a barriga dela estava anormalmente grande, e começámos a suspeitar de uma gravidez, ou isso ou algo muito mau estaria a passar-se com ela. Num dia depois do trabalho, eu e mais duas amigas e colegas, demos um valente banho à Pantufa e, depois de muitas peripécias, metemo-la numa caixa transportadora e seguimos para o veterinário.
Já na clínica veterinária, fomos recebidas com muitas festinhas e carinhos, muitos sorrisos e atenção. Os cuidados que aqui prestam a todos os animais, pequenos ou grandes, sujos ou limpos, abandonados ou nascidos e criados em berço de ouro, são do melhor nível. As veterinárias e as assistentes são amorosas e têm-me sempre ajudado a resolver problemas. Por tudo o que têm feito e pelo apoio dado, aqui segue o meu sincero agradecimento.
A notícia foi recebida com entusiasmo: a Pantufa está grávida!!!
Fizemos Raio-X, e estimámos que seriam entre 3 a 5 cachorros. Demos as vacinas necessárias, desparasitámo-la, e pesámo-la - 6 kg de cão com presentes dentro da barriga...
Desde essa noite a Pantufa tem dormido em casa da Sandra que tem um óptimo quintal, e tem feito as nossas alegrias e a de toda a vizinhança.
Na sequência de um dos anúncios da Rusca (entretanto já com a nova família), apareceu a nova dona da Pantufa, que adorou as fotos e as descrições das andanças da nossa cachorra de adopção. Ficou combinado que a Pantufa irá para a nova casa logo que deixe de amamentar as crias e logo que estas sejam adoptadas também.
Nesta última semana, a cadelinha andava já com dificuldade, e só queria festinhas na barriga, sempre que podia encostava-se em qualquer lado e punha-se a dormir.
Na 4ª feira a Pantufa começou a fazer o ninho, a esgravatar por todo o lado e a recolher panos e folhas para um canto. Preparámos então uma espécie de casota, para onde ela entrou toda contente e fez de imediato dona e senhora do novo lugar. Percebemos à noite que ela não queria comer mais e fizemos as contas prevendo que a ninhada fosse nascer na noite de 5ª ou 6ª feira.
Logo bem cedo pela manhã (5ª feira), decidi, antes de ir trabalhar, passar pela casa da Sandra para por à disposição da Pantufa mais mantinhas e toalhas para o ninho. Quando cheguei deparei-me com a surpresa das surpresas: A Pantufa lavava cuidadosa e vigorosamente 2 cachorrinhos lindos.
O primeiro a nascer foi o branco com manchas pretas e já estava limpinho e sem cordão umbilical. O cachorrinho preto estava ainda coberto com parte da placenta, que a mãe se apressava a tirar.
Enquanto via estupefacta esta maravilha da natureza, reparo que a Pantufa faz alguma força com as patinhas de trás e de repente rebenta mais uma bolsa e sai o 3º filhote. Este era o branco com manchas castanhas, uma delas bem no meio da cabeça. Que lindo...
Quase não conseguia sair dali, mas tinha de a deixar em paz a tratar do assunto, e como o fazia tão bem, tinha a certeza que não havia motivos para preocupações.
Depois do trabalho fui a correr para ver a nova família canina, e quando chego, nova surpresa: afinal são 5 cachorrinhos todos lindos, limpinhos, a arrastarem-se à volta da mãe e a mamar desalmadamente.
A Pantufa logo que me viu veio pedir mais comida, e nunca pensei que uma cadela deste tamanho comesse tanto como o fez em 2 minutos. Muito despachada voltou rapidamente para junto das crias e não saiu mais. A postura dela é de mãe super protectora, e eu estou contente que ela esteja a agir assim.
Agora temos 5 bébés lindos a "miar" lá por casa a pedir mimo e atenção. Ainda não sabemos quantos são macho ou fêmea, mas isso com o tempo vamos descobrindo. Na ninhada temos estas combinações de cores:
- 1 preto
- 1 castanho-escuro com manchas brancas
- 1 branco com manchas pretas
- 2 brancos com manchas castanho-escuro
Estes malhados parecem vaquinhas bebés... e são todos tão lindos com o focinho rosadinho...
Boa sorte para a Pantufa e para os seus bebés.