domingo, abril 24, 2005

Ponta do Sol e Fontainhas

Depois de uma noite bem dormida na paz e descanso da Ribeira Grande, no mini quarto sem baratas e com casa de banho privativa, e com umas toalhas vindas directamente do chinês mais próximo... Lá nos levantámos bem cedo de manhã para tomar um pequeno-almoço que mais parecia um grande-almoço com tudo a que tínhamos direito: fruta, pão, doce, café, leite normal e até leite de cabra. Uma delícia e um conforto para o estômago para nos preparar para mais uma viagem.
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Desta vez o Djin Djim foi-nos buscar logo de manhã bem cedo para agora cortamos para o lado direito da Ribeira Grande. Hoje seria o dia de visitar a Ponta do Sol e as Fontainhas.
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A Ponta do Sol é uma vila ou cidade, não sei bem, onde antes existia o único aeroporto da ilha, que fechou à poucos anos depois de um acidente horrível que matou todos os ocupantes contra a montanha. Esta vila tem praticamente todas as casas do estilo colonial, mais ou menos bem conservadas, com as praças e as igrejas quase como se estivéssemos dentro de um filme dos anos 30... até pela roupa de domingo que as pessoas que saem da missa trazem vestida, parece que de um momento para o outro recuámos no tempo e estamos num outro ponto da história.
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Depois de mais uma intensa sessão fotográfica a miúdos e graúdos com algum jeito para poses que se divertiam a fazer sorrisos para a objectiva, e depois de estarmos todas rodeadas de crianças que em troca dos nossos rebuçados nos davam uns fritinhos que se vendiam na praça, lá tivemos que seguir para um ponto um pouco mais alto da nossa viagem - Fontainhas.
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Depois de sairmos da vila e passarmos pela pocilga municipal com vista privilegiada para o mar, lá seguimos por um caminho incrível... aquela estrada onde apenas cabe um carro na maior parte do percurso, não foi escavada na rocha... foi encostada à montanha, ou seja, na maior parte dos locais, o que existe por baixo da estrada é um amontoado de pedras magnificamente colocadas por forma a encaixarem umas nas outras, não sendo necessário utilizar nenhum material de ligação. É uma estrada feita de pedra-sobre-pedra, que revela o esforço humano imenso e a capacidade de trabalho deste povo que sobrevive praticamente isolado.
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Ao longo do percurso, ia ficando cada vez com mais medo, e já rogava pragas a mim mesma por ter tido esta triste ideia de ir conhecer as Fontainhas, cheguei mesmo a dizer ao Djin-Djim que me podia deixar para trás e seguia só com a minha mãe e com a minha tia, mas ele não me ligou nenhuma e seguiu... e ainda bem que o fez.
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A estrada não caiu, nem sequer nos cruzámos com nenhum carro, e quando chegámos à Fontainhas.... uau... impressionante. Imaginem um vale enorme escavado por uma ribeira ao longo dos anos, com as encostas muito íngremes que caiem directamente para o mar ou para a ribeira que mal se vê lá em baixo... bem lá no fundo do vale, muito abaixo do sítio onde estou. Agora imaginem que no meio deste vale existe uma pequena elevação, uma espécie de cumesinho pequenino e com os lados muito inclinados também. Mesmo que consigam imaginar o que descrevo, as palavras todas não chegam para vos explicar o que eu vi. Ora a aldeia das Fontainhas está aí construída.... não me perguntem como mais é fantástico. E melhor, é que os campos de cultivo são nestas encostas muito íngremes... é irreal... nunca tinha visto nem imaginado nada assim.

As ribeiras de Sto Antão

E é aqui que começa o resumo da minha viagem...
Como passei por este sítios de carro e pouco tempo estive em cada um deles, e como não tenho palavras para os descrever e as fotos também não o conseguem fazer na totalidade... vou só falar-vos da visita num breve resumo:
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No sábado à tarde, depois de um rol de emoções vividas durante a viagem e os primeiros contactos com a ilha de Sto Antão, fomos com o Djin-Djim conhecer as ribeiras que existiam à esquerda da Ribeira Grande, sempre à beira do mar.
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Entre Paúl, Ribeira do Paúl, Janela e Pontinha de Janela... não sei o que gostei mais...
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Durante este percurso vêm-se vilas e aldeias que crescem à beira-mar, junto à praia de pedra rolada, ou mesmo em cima de pequenos penhascos sobre a falésia, que exibem orgulhosas casas e edifícios coloniais lindíssimos e degradados pelo tempo, e ao lado casas novas, feias, cinzentas do reboco ainda por pintar.
Vêem-se também vilas que crescem nas encostas escarpadas das ribeiras já a caminho do interior da ilha, subindo por estradas sinuosas e em caminhos de pé posto, serpenteando por entre os degraus, esculpidos à mão, onde se planta um pouco de tudo...
Vêm-se salpicando as montanhas casinhas de pedra e colmo, as típicas da ilha, onde habitam aqueles que, dia após dia, sobem e descem estas enormes encostas para arduamente ter o seu pão e queijo em cima da mesa ao fim de mais um dia. Estas casas isoladas, longe de tudo e de todos, erguem-se em locais onde jamais um de nós se arriscaria sequer a construir um muro... e no entanto mantêm-se de pé e são habitadas por gente tão dura como a pedra que nasceu debaixo dos seus pés.
Passamos por pocilgas bem escondidas na paisagem, onde os porcos crescem em apenas 1,5m2 até ao dia da matança. Dia esse que permite de 6 em 6 meses que a família coma carne e compre um bocadinho mais de tudo um pouco que ao longo do anos precisam.
Passamos por esses patamares de cultivo que se desenvolvem ao longo de toda a paisagem, em locais íngremes e onde só é possível aproveitar muitas vezes apenas menos de 30 cm de terra para por uma fileira de cana, ou uma bananeira, ou duas fileiras de batatas...
Passamos por trapiches de onde sai um intenso cheiro a grogue que nos embebeda à passagem e nos convida a uma breve entrada para conhecer o dono já velho e a sua muito jovem esposa, "presa" a este casamento de conveniência (com mais vantagens para ele do que para ela) para se "libertar" aos 13 anos da pobreza em que vivia a sua família na ilha do Fogo. Um pouco a medo a jovem agora ainda mais nova do que eu, e não ainda conformada com o seu destino, pede-nos com o olhar que a tiremos dali, enquanto quase resignada nos explica como se faz o grogue, o ponche di mel e o mel de cana, que ali produzem... apresenta-nos ao motor destes trapiche (alambique), o enorme Napoleão, um boi com 2 afiados cornos e de ar carrancudo que nos olha com aparente passividade.
Passamos também por um docel, onde se produzem e vendem os melhores doces que já comi... mas este, tal como outros tantos, corre o risco de não produzir muito mais nos próximos meses, ou mesmo anos, é que a falta de frascos impede a venda e pára a produção que se queria como uma fonte segura de rendimentos para as doceiras e para a cultura santantonense.
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Por todos os sítios onde passamos existem sempre coisas lindas para ver e viver... em todo o lado nascem crianças vindas do nada que se aproximam do carro e rasgam sorrisos quando lhes estendemos rebuçados...
Gritam de alegria quando com a minha máquina fotográfica lhes tiro uma fotografia, e eles em euforia completa chamam os outros e a família para mostrar que eles aparecem ali naquela máquina, dentro daquela pequena caixa cinzenta,
e acreditam quando lhes digo, que quando regressar tratei as suas fotos em papel para lhas dar... e como o que se promete tem de ser sempre cumprido, regressarei lá, a cada um destes sítios para lhes dar um dos maiores presentes do mundo, a prova da sua existência.

Ribeira Grande

Chegadas à localidade da Ribeira Grande, as três jovens aventureiras foram pousar a bagagem na Residencial 5 de Julho.
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A propósito do nome da residencial... já vos disse que 5 de Julho é uma data muito importante aqui? No dia 5 de Julho celebra-se a independência de Cabo Verde, e ao longo dos anos esta data tem servido para grandes festejos, para nomes de ruas e de praças, de residenciais e claro para as inaugurações que todos os presidentes de Câmara utilizam como arma para a reeleição... no Mindelo a cidade já só cheira a tinta e a cimento fresco de tantos edifícios que se pintam e de novas praças que se constroem...
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Mas voltando a Sto Antão. Depois de conhecermos a dona da residencial D. Escolástica, e a sua ajudante D. Osvaldina, e claro o famoso fiel companheiro Tupi Jorge, lá descansámos no nosso mini-quarto para 3 pessoas... Quase não cabiam as três camas, mas pelo menos tínhamos casa de banho privativa e depois de uma boa limpeza o quarto já nos parecia quase o céu na terra.
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Fomos almoçar com os nossos novos amigos na "varanda" da residencial, muito ao estilo colonial, e que serve de ponto de encontro de toda a vila da Ribeira Grande. Este é mesmo o ponto central da vida social... é aqui que se joga às cartas enquanto se bebe uma cerveja a meio da tarde, é aqui que se bebe o último grogue antes de ir para casa e é aqui também que os homens (apenas homens) se juntam para durante a manhã discutir o jogo de futebol do dia anterior, em altos berros provocados pelo excesso de álcool que ainda ou já lhes corre no sangue logo de manhã.
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Depois de encher a minha já enorme barriga com uma belíssima cachupa rica, a melhor que já comi aqui... (não consigo deixar de gostar de comer... e estas comidinhas caseiras óptimas não ajudam nada a dieta... ), pegámos nas nossas máquinas super-fotográficas e fomos ver um pouco desta vila.
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A Ribeira Grande é um concelho enorme com algumas povoações e casas dispersas e que se divide em duas localidades principais: Ribeira Grande e Ponta do Sol (acho que não me enganei... são tantos nomes...). A Ribeira Grande geralmente é o que os turistas vêm primeiro depois da viagem a atravessar a ilha, mas deve ser a localidade menos interessante deste lado verdejante. A vila foi construída no ponto mais baixo e perto do mar de uma enorme ribeira, que cavou a rocha vulcânica ao longo dos anos. Ao longo de toda a ribeira existem terrenos agrícolas que se desenvolvem em socalcos, e que têm sistemas engenhosos de transporte da água para os diferentes patamares. Estes terrenos são explorados por agricultores que vivem em casinhas e comunidadezinhas dispersas em todas as encostas da ribeira. A Ribeira Grande, no meio deste cenário é uma autêntica cidade em ponto pequeno, tem comércio, principalmente chinês (as lojas dos chineses já chegaram a este ponto extremo do mundo), tem cafés e restaurantes (poucos, mas existem), tem bomba de gasolina e tem ruas calcetadas. Nas ruas da vila andam sempre de um lado para o outro várias Hiaces e pick-up que fazem o transporte das pessoas para quase todas as localidades desta ilha.
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Mas para além deste "frenesim" todo, as pessoas são muito diferentes das pessoas das cidades... vêm-se e ouvem-se coisas que já não existem noutros lados, ora vejam estes exemplos:
- Estávamos nós a descansar da vida atribulada que temos levado estes dias, sentadas num banco de uma pequeníssima praça, talvez a única da vila, quando um menino que não parava de olhar para nós se aproximou e disse, apontando para o chão, que tínhamos deixado cair alguma coisa. Olhámos para o chão e lá estava uma nota de 500$00 que me tinha caído da carteira. Se isto se passasse no Mindelo e em qualquer outra parte do mundo, o miúdo tinha ficado calado e esperava que nós nos fossemos embora e teria ficado com o dinheiro para si.
- Uma outra coisa que nos surpreendeu pela positiva foi que na rua as pessoas passam umas pelas outras e por nós e dizem sempre bom dia. Uma pessoa como eu que já não esteja habituada a estas tão simples simpatias, pode passar por mal educada... eu no Mindelo não posso responder a ninguém que não conheça pois corro o risco de nunca mais me deixarem em paz a pedir dinheiro e a pedir em casamento... aqui em Sto Antão, a tendência imediata foi a de não responder, mas quando me apercebi que o bom dia não significava nada mais do que isso, passámos a cumprimentar todas as pessoas que se cruzavam no nosso caminho.
- O facto de estarmos num local pequeno também nos faz ver coisas que não se vêm em mais lado nenhum... quando estávamos sem fazer nada, reparámos que um senhor do outro lado da rua chamou a sua esposa que estava à janela e esta fez descer um cesto numa corda para servir de elevador do que o marido trazia para ela... imagens como esta já estão a desaparecer...
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Depois destas voltinhas para conhecer o terreno, em menos de meia hora já estávamos de volta à residencial onde íamos encontrar com o nosso guia e motorista, o Djin-Djim, que tem uma Hiace vermelha que mais parece um jipe a andar nos caminhos difíceis desta ilha.

Santo Antão - da Cova à Ribeira Grande

Da Cova, bem lá no cimo da ilha, até à Ribeira Grande, no lado oposto ao Porto Novo, a carrinha Hiace do Dongo vai parando para sair ou mesmo para entrar mais gente, e entra sempre quem quer entrar... mesmo que a carrinha já ultrapasse o número de lugares existentes...
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Aqui pára-se por várias razões, pára-se para comprar queijo "di terra", feito de forma tradicional a partir do leite de cabra... parei e sem sair da carrinha, pois a paragem devia ser muito curta, comprei queijo, 100$00 cada um... e que belo queijo, não resisti e mesmo sem faca e no meio de uma carrinha a abarrotar de gente arranquei um pedaço com as mãos e deliciei-me com este néctar dos homens...
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Depois da compra feita avança-se mais um bocado, até à próxima paragem... pára-se aqui e ali também porque se tem de apanhar ou largar pessoas... e quando não se trata de pessoas pára-se para carregar ou largar alguma encomenda... e isto funciona assim: de um qualquer lugar com casas por onde se passa, alguém acena e pede ao Dongo para parar, ele pára e carregam um saco grande com a encomenda lá dentro, a encomenda pode ser bananas, pinhas, madeira, queijo, doce, etc, etc. depois de carregar e segundo as instruções de quem mandou parar o Dongo segue o caminho e algumas centenas de metros mais à frente ou mesmo a poucos quilómetros, o Dongo pára a sua carrinha novamente e descarrega a encomenda. Por vezes apita ou acena a alguém para chamar a atenção, ou às vezes deixa a encomenda no meio do caminho no sítio combinado e segue a sua viagem.... mais tarde o destinatário virá ao local para recolher o bem tão precioso que aguardava. Por estes transportes o Dongo e os outros como ele não cobram nada... não precisam, eles têm a sua fonte de rendimento que é o transporte de passageiros a 300$00 por viagem do Porto Novo à Ribeira Grande... uma viagem que com curtas paragens demora cerca de 1h30 min... uma viagem que todos nós devíamos fazer...
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Da Cova até à Ribeira Grande vêm-se pessoas simples que caminham a pé, crianças que comem deliciadas um pedaço de fruta, mulheres carregadas com fardos de madeira e comida para gado à cabeça, e que no meio daquele esforço diário nos lançam um sorriso puro e lindo de se ver... vêm-se também vacas que descansam à sombra das inúmeras árvores, vêm montes de casinhas simples salpicando os montes verde de uma cor branca, casinhas típicas com telhado de colmo, casinhas que parece não terem sequer caminho para lá chegar ... vêm-se as nuvens daqui de cima, sente-se a brisa fresca da altitude, e depois de subir pelo lado seco e circular por entre curvas e contracurvas de uma estrada "talhada à mão"... começa-se a descer... e que paisagem magnífica se tem do outro lado da ilha...
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Depois da surpresa dos pinheiros e árvores frondosas na zona da Cova vem agora a vegetação a tender para o luxuriante.... vêm-se claramente os trilhos percorridos à anos pelos habitantes que cultivam aqueles socalcos criados e mantidos com tanto esforço... onde a rega se faz através de levadas de água cuidadosamente aproveitada e encaminhada para os locais onde é mais precisa... nestes socalcos existe um pouco de tudo... mandioca, papaia, banana, couve, cenoura, tomate, batata,.... e claro cana de açúcar para fazer o famoso grogue.
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Vocês não imaginam o que é uma ilha com altas montanhas, declives imensos e cheia de culturas, e cheia de animais, e com um cheirinho a verde, a água doce, a mar e a fumo que vem do trapiche (alambique) onde se produz ainda de forma tradicional a aguardente cabo-verdiana (grogue).
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Vocês não imaginam, nem eu imaginava até ver... ver com os meus próprios olhos, até cheirar o ar que entrava nas minhas narinas, até sentir a pele fresca e húmida do ar que me rodeava, até ouvir o silêncio da natureza com os meus ouvidos poluídos pelos ruídos das cidades modernas, e claro não imaginava até provar o grogue e o ponche di mel...
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Vocês não imaginam nem eu vos sei explicar... nem eu vos sei mostrar... as minhas máquinas, as duas juntas não conseguem revelar a imensidão das montanhas e o pormenor das pequenas coisas de que é feito este mundo... este mundo que é uma vida muito particular de uma ilha única plantada no azul profundo do oceano atlântico.

sábado, abril 23, 2005

Santo Antão - do Porto Novo à Cova

A maravilhosa ilha de Santo Antão... tenho tanto que vos dizer sobre esta ilha, e ao mesmo tempo as palavras não chegam para descrever a imensidão de tudo que encontrei ali....
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Santo Antão significa Santo António, e como devem imaginar com as festas populares que se aproximam, esta deve ser a ilha indicada para ir aos bailes e às grelhadas (em vez de desfile, de noivas e de sardinhadas...).
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Estive nesta ilha durante o fim-de-semana de 23 e 24 de Abril, no dia de anos da minha avó Mariana e no dia de anos de uma amiga minha, respectivamente. Nesta altura estava cá a minha mãe e a minha tia, e estávamos as três curiosas para visitar a ilha mais verde de Cabo Verde.
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Partimos no barco Barlavento às 8h da manhã, sem atrasos. Mal pus os pés no barco fiquei imediatamente enjoada... acho que de manhã comi depressa demais e ainda por cima bebi leite... devia ter comido algo mais consistente.
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Fizemos a viagem tranquila, em pleno oceano atlântico... a cor da água é tão diferente!!! dá-me a sensação de um mar tão fundo... cheio de coisas que não vejo... foi aqui que me apercebi realmente que estava numa ilha, no meio do oceano... e que o mar que eu conheço de Portugal é o que me traz segurança, para mim este novo mar é tão imenso e tão potente que me fez sentir pequenina e frágil, dentro de uma casquinha de nós durante todo o percurso de 45 minutos entre estas duas ilhas do Barlavento do Arquipélago de Cabo Verde.
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Santo Antão foi a primeira ilha a ser habitada neste país, e os primeiros residentes foram portugueses que se dedicaram ao cultivo de várias culturas e à produção de gado. Apesar desta ilha ser enorme, quando comparada com as outras, e de ter muito mais recursos do que as outras, o facto de ser muitíssimo montanhosa dificultava a instalação de um porto seguro para grandes embarcações. Por isso, aqueles que decidiram alargar os seus horizontes de negócio com o exterior e partir para outras terras e aventuras, atravessaram o canal que separa as duas ilhas e foram-se instalar no Mindelo, em S. Vicente. E porquê no Mindelo? porque aqui se encontra uma das mais seguras baías do mundo. Aqui podem entrar grandes navios, sem dificuldades, e aqui encontram sempre um porto seguro - Baía do Porto Grande.
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Mas voltando a Santo Antão.
Depois de ter resistido ao enjoo durante toda a viagem, ao contrário de alguns dos companheiros de viagem... e depois de ter passado 45 minutos à procura, sem sucesso, de algum ser vivo, pequeno ou grande, que se cruzasse no nosso caminho... desembarcámos no Porto Novo, cidade mais importante da zona seca da ilha de Santo Antão.
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A ilha de Santo Antão está dividida em duas zonas, uma seca e árida e uma húmida e verdejante. Eu sabia disto, mas nunca pensei que a diferença fosse assim tão notória... e para além disso, depois de 3 meses a viver em S. Vicente, a zona seca da ilha de Santo Antão parecia-me bem mais verdejante...
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Saímos do barco, e com a ajuda de uma jovem mulher santantonense, dirigimo-nos ao Hiace vermelho do Dongo, para fazer a viagem até à Ribeira Grande, no outro lado da ilha.
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As estradas da ilha são feitas todas em calçada... é um trabalho impressionante que demonstra a dedicação, empenho e força das pessoas que habitam nesta ilha. A medida que íamos subindo de Porto Novo até à Cova, a paisagem ia-se alargando até uma extensão incrível de terra seca com algumas acácias americanas plantadas aqui e ali. Esta subida revelou-me a verdadeira dimensão da ilha de S.Vincente, que se via lá ao longe... realmente eu vivo numa ilha, numa pequeníssima ilha... e agora estou a passear numa ilha bastante maior... mas que não deixa de ser uma ilha...
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Estávamos a chegar à Cova, e eu ainda estava deslumbrada com a paisagem de terra e pedra que me ficava para trás, o carro do Dongo (nosso motorista) dá então uma curva na estrada e eu fico por momentos sem reacção... sem conseguir sequer respirar... passados uns segundos, enquanto tentava preparar a máquina fotográfica, emiti uns sons que pretendiam ser "ahhhh... pinheiros, montes de pinheiros... montes de verde.... que lindo....". Vocês não sabem, nem eu vos sei explicar, qual é a sensação de ver o inesperado... estive 3 meses sem ver árvores frondosas, sem ver verde, sem cheirar verde... e fazia-me alguma falta... mas quando vi aquela montanha de verde a erguer-se por cima das nuvens.... foi.... foi muito mais do que eu estava à espera... foi como se estivesse com fome e sede e me pusessem o melhor banquete à frente... Não vos sei explicar...
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A Cova fica no topo das montanhas, e é uma caldeira de vulcão que abateu um pouco. Aqui o ar já é húmido e já começo a ter frio... quase que me sinto tentada a vestir o casaco, mas resisto porque não posso largar as máquinas fotográficas, não posso parar de fotografar... a cada metro que avançamos há um novo enquadramento... quase um novo ponto de vista... sinto-me como uma criança que descobre pela primeira vez o brinquedo mais maravilhoso do mundo... Não quero sequer piscar os olhos para não perder pitada do que vejo... só quero inspirar aquele ar puro e não quero nunca expirar para não perder cada cheiro... aquele cheiro que o meu corpo precisava de sentir... cheiro puro, a verde e a paz...

Actualizando o blog...

Pois é ... depois de tanto tempo sem dizer nada decidi que hoje vou tirar o dia para escrever. Hoje estou com a neura, não me apetece trabalhar... está outra vez bruma seca (pó di terra) no ar, e a luminisidade estranha queima os meus olhos... para além disso estou com uma dorzinha de cabeça bem chatinha e deu-me a perguiça total e completa.... Por isso hoje, meus amigos, faço greve.
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Hoje, dia de greve pessoal e individual no trabalho , decidi que vos vos contar mais umas coisitas no blog. Não acabei de vos contar os dias em que tive visitas da minha mãe e da minha tia, e já passa um mês desde essa altua... já começa a ser demais.
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Por isso mais uma vez, vou-vos contar um pouco do que me lembro e do que ficou registado nas minhas máquinas fotográficas, durante o último mês... ou seja, hoje têm direito a um resumo... mas se tudo correr bem, apartir do fim deste mês já começam a ter novamente o diári completo das aventuras.

sexta-feira, abril 22, 2005

Um cheirinho da cultura no Mindelo

Este é um dos piores meses para a cultura do Mindelo, entre o Carnaval e o fim de Março (mês do teatro) todos os eventos culturais procuraram mostrar-se e ter lugar, agora as companhias de teatro e os grupos de música estão quase em retiro para prepararem novos espectáculos. O próximo mês de actividade cultural intensa irá ser Setembro, mas até lá temos que inventar coisas para fazer todos os dias.
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Felizmente a última peça que vi vai ser reposta hoje para preparar a sua apresentação em Coimbra. O “Alto Mar” repetiu-se e claro que nós fomos ver. Tal como da primeira, adorei a peça, e a minhas convidadas também. Foi este um dos melhores dias para elas também conhecerem as pessoas com quem costumo sair e combinar coisas, porque para não variar, estamos sempre os mesmos em tudo o que são eventos culturais. Esta cidade é pequena e portanto são poucas as pessoas que se interessam pelas mesmas coisas que eu.
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Depois da peça seguimos para o restaurante Nella’s, onde praticamente todas as noites há o espectáculo do velho Malaquias. Penso que já vos falei nele. Este é um senhor com mais de 80 anos que toca violino e é acompanhado por mais 3 músicos com cavaquinho e com guitarra. É quase obrigatório ver e ouvir o Malaquias, mas depois de ver a primeira vez, tentamos não repetir tão cedo. É que ele não toca, ele arranha o violino, desafina-o, quase me rebenta com os tímpanos… è espectáculo para turista ver, e num dos restaurantes mais caros da cidade do Mindelo.

Regresso ao trabalho árduo

Depois de 4 dias de férias, de descanso e de reunião com a família, tive que voltar ao trabalho árduo… Agora sim, posso dizer que o trabalho é árduo, mas é muito bom voltar a ter energia para trabalhar. Finalmente tenho trabalho para fazer, tenho as ferramentas e o apoio de todos para desenvolver um bom trabalho na minha área preferida… só não tinha tido forças para pegar no trabalho sozinha, mas felizmente agora tenho tudo o que preciso para trabalhar, incluindo força e motivação. Em parte esta motivação veio com o tempo e foi acelerada por todos os que me têm dado apoio aqui e também aí em Portugal. O facto de ter tido cá a minha família foi o impulso final para me arrancar desta quase inércia, este era o arranque que eu precisava.
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Estes dias da semana estão a ser óptimos… tenho companhia boa para almoçar e jantar e a comida é sempre muito boa… peixinho fresquinho… hum que bom… Ao fim da tarde temos sempre ou quase sempre programas e coisas para fazer. Há sempre o encontro habitual na Casa Café Mindelo e tem havido convites de várias pessoas para nos encontrarmos e conversarmos um pouco ao fim da tarde.
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Todos os dias a minha mãe e a minha tia têm saído e conhecido pessoas fantásticas… pessoas que eu jamais irei conhecer como elas conhecem agora… pessoas que só se encontram durante a semana e a horas em que estou a trabalhar e em locais que não costumo frequentar a estas horas… São as pessoas que habitam e circulam na cidade do Mindelo durante o dia… E eu só circulo no Mindelo durante o fim de tarde e noite e aos fins-de-semana. Elas conhecem pessoas normais, vendedeiras do mercado municipal, emigrantes de outros países de África, estrangeiros que estão de férias ou a trabalhar aqui, artistas e até a primeira stripper de Cabo Verde…
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Mas estas aventuras são as aventuras delas, eu apenas partilho um pouco do que vivem aqui… eu tenho a sensação que as férias que elas estão a ter são totalmente diferentes das férias que se poderiam ter em qualquer outra parte do mundo… são estrangeiras mas estão a viver este país… olham e vivem com a curiosidade de um viajante mas aproveitam muito mais do que todos aqueles que desembarcam aqui de máquina a tiracolo e que caminham pelo centro da cidade e pensam conhecê-la em apenas 2 dias.

terça-feira, abril 19, 2005

último dia no Sal

Este dia foi passado com alguma agitação... arrumar a casa e as malas outra vez, tudo à pressa... sem esquecer os presentes que chegaram pelas mãos da minha mãe e que vieram directamente de Portugal...
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Prendinhas fresquinhas acabadinhas de chegar.... que bom... adorei os vossos presentes, bem sei que já o tinha dito, mas não posso deixar de reforçar a ideia... é tão bom ouvir boa música e acordar ao som do girassol... para quem não está dentro do assunto as prendas recebidas foram 2 cd's com música que eu adoro e uma foto das minhas amigas lindas na capa, 1 caneca que tanto jeito me dá, também com a foto de nós todas impressa para até ao pequeno-almoço não me esquecer de vocês, e uma flor cantante e dançante... um girassol que grita a "plenos pulmões":
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I'm walking on sunshine , wooah
I'm walking on sunshine, woooah
I'm walking on sunshine, woooah
and don't it feel good!!
Hey , alright now
and dont it feel good!!
hey
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Depois de ter a trouxa toda composta outra vez pegámos no carro e fomos dar a volta à ilha para a tia São a conhecer, e como tem muito para ver... (ironia), fomos novamente às salinas e à praia de Santa Maria. Na praia lá dei um mergulhinho de despedida na água azul turquesa ... que lindo... e depois de ver o produto da faina dos pescadores locais fomos comer uma sandwich e beber o meu sumo preferido, sumo de goiaba.
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A Rita e o Rui foram finalmente ter connosco e levaram-nos para o aeroporto... a aventura conjunta estava prestes a acabar... Eu, a minha mãe e a minha tia iríamos viajar para S. Vicente, e a Rita e o Rui ficariam até ao fim da semana no Sal para depois regressarem a Lisboa, porque o trabalho e a faculdade assim o exigem... que pena... Gostava tanto que tivessem vindo connosco...
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Depois das despedidas e de comer uma doçura de coco lá embarcámos no usual teco-teco a hélice que faz a ligação entre as ilhas. Depois do voo de vinda ter sido péssimo, estava cheia de medo de entrar outra vez neste avião, mas tinha que ser... e para pedir desculpas pelo mau tempo desta semana S. Pedro redimiu-se e deu-nos um tempo óptimo para fazermos uma boa viagem.
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A viagem dura apenas 45 min e neste período dá para se ver bastante bem a ilha de S. Nicolau, que me parece lindíssima, e também sobrevoamos os ilhéus Raso e Branco, logo depois iniciamos a descida para ir aterrar no aeroporto de S. Pedro, mesmo perto da praia, na ilha onde moro.
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A Carmita estava à nossa espera para nos levar a casa na sua carrinha de caixa aberta todo o terreno, e apesar de trazermos imensa bagagem a caixa aberta ainda deu para dar boleia 3 estrangeiros e um miúdo que vinham para cá à aventura e com pouco dinheiro. No fim da viagem a sua retribuição pela boleia foi um cd... afinal eles eram músicos...
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Chegadas a casa foi altura de apresentar o novo membro da minha família cabo-verdiana, a DUNA, a gata mais bonita do mundo... Foi surpresa total... acho que elas gostaram da minha gatita...
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Com a Duna completamente alucinada às voltas com as malas lá fomos desfazendo as trouxas de onde saltaram mais presentes... e desta vez o que é que me traziam para além da batedeira, da varinha mágica e da torradeira que tinha pedido? traziam-me massa, bacalhau, queijo, café, chouriço.... comidinha boa e que cá não há.... ou quando há é muito cara e não é de boa qualidade...
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Traziam também uma tábua de cortar queijos com os utensílios (lindíssima, adorei), e um gato almofada lindo amarelo e cor-de-rosa, para me fazer companhia... Na altura mal elas sabiam que já cá tinha um exemplar vivo e que já vão ser dois gatos cá em casa. O gato almofada foi chamado de gato desbocado, porque não tem boca, mas apesar disso tem muito para dizer.
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Obrigada lindas pelas vossas prendas e por terem vindo cá, foi óptimo ter-vos aqui comigo na minha primeira casa, na minha primeira aventura sozinha fora de Portugal... Obrigado por conhecerem os meus novos amigos e o meu novo meio... foi muito importante para mim...
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Depois de comermos rapidamente no Casa Café Mindelo (quase a minha segunda casa aqui) fomos ao Centro Cultural do Mindelo para assistir a um espectáculo de dança vindo directamente de Lisboa... apesar de eu não gostar de ballett moderno até gostei do espectáculo, mas vencer o cansaço foi difícil, e depois de longos minutos a aguentar a cabeça em pé e os olhos abertos, lá aplaudimos e fomos a arrastar-nos para casa...

segunda-feira, abril 18, 2005

Banho de sal

Depois do dia agitadíssimo de ontem quase não me conseguia mexer e por isso eu e a minha mãe decidimos ficar a descansar na parte da manhã na Murdeira, e só à tarde retomar a jornada no corta-relvas. Enquanto isso a Rita e o Rui decidiram começar o dia a fazer Kite e por isso encheram o sidekick vermelho com o equipamento todo e seguiram para sharks beach.
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Na Murdeira andámos a tentar apanhar um bocadinho de sol sem que o vento nos fizesse levantar voo, mas o dia estava impossível... quando surgiu uma aberta nas nuvens pegámos na mochila, nos óculos e nas barbatanas e seguimos para a praia do empreendimento. A praia foi construída em forma de concha para dentro de terra numa zona com rochas, ou seja, em princípio seria um bom sítio para ver alguns peixitos. Mas durante todo o curto caminho a pé fomos fustigadas por rajadas de vento carregado de areia, e chegadas à dita praia que ali estava plantada só para nós, tivemos que nos abrigar junto ao muro para não estarmos o tempo todo a comer areia.
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Ir à água era impossível, o tempo estava mesmo muito desagradável... como é possível? em Cabo Verde é sempre verão... mas de vez em quando o tempo prega umas partidas, e parece que S. Pedro escolheu a semana de férias da minha família para mostrar que quem manda ainda é a natureza...
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Depois de resistirmos alguns momentos decidimos ir pesquisar a piscina do empreendimento e o restaurante. Para usar a piscina precisávamos de pagar ou então de mostrar um cartão de posse de casa na zona, mas como não me apetecia pagar e como não tínhamos o cartão connosco... não fomos a banhos. Seguimos então para o restaurante, mas ainda estava fechado, então ficámos sentadinhas na esplanada a olhar para o mar, com uma vista óptima e aproveitei para tirar algumas fotografias com a minha super-máquina, vamos lá ver se fica alguma coisa de jeito.
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Voltámos para o apartamento, e no caminho andei a observar atentamente as vivendas que estavam construídas à beira de água... acho que já escolhi qual vai ser a minha casinha de férias quando "for grande" e puder viver dos rendimentos acumulados ao longo de anos intensos de trabalho... ou então viver dos ganhos de um possível totoloto, que apesar de não jogar sei que um dia vou ganhar.
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Como já eram horas de almoçar, fizemos umas sandocas e ficámos no apartamento a descansar um pouco até que chegasse a comitiva Kite. Passado algum tempo já eu estava quase a dormir até que ouvi ao longe o que me parecia ser o som de um tractor ou mesmo de um corta-relvas. Saí da casa e espreitei... o barulho não engana, ainda vinha longe mas já se ouvia claramente o jipe vermelho com os dois ocupantes "todos partidos" lá dentro.
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A expressão "todos partidos" aplicava-se totalmente à Rita e ao Rui, não só por andarem de jipe a cair aos bocados e com a suspensão inexistente, mas também porque andaram a manhã toda de kite e como o vento não estava para brincadeiras vinham com umas marcas a mais. Nódoas negras, arranhões, golpes e imensas dores musculares. Escusado será dizer que nesse dia não voltaram a fazer mais desportos radicais.
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Depois de comermos e descansarmos, e como o vento já tinha amainado, fomos novamente para a praia, mas desta vez para a parte de rocha e em mar aberto. Deste lado da ilha o mar está normalmente muito mais calmo, com menos ondas e com menos corrente.
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A Rita e o Rui lá foram ver uns peixinhos e uns corais enquanto eu me entretinha a apanhar conchas á beira de água. Que Paz... que descanso... Nada podia interromper estes momentos.... a não ser.... o toque de um telemóvel. Bolas... até aqui não me deixam em paz.
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Era a Carmita (a minha senhoria) a avisar que a Lígia (a tal portuguesa que está em Cabo Verde para adoptar uma criança) ir passar pelo Sal a caminho de Portugal, mais ou menos pela hora de jantar. Hoje teríamos então pelo menos duas idas ao aeroporto: para ir ter com a Lígia e para recolher o último elemento desta comitiva, a minha tia São.
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Como ontem tínhamos combinado com o Jô que íamos outra vez às Salinas, lá saímos da praia e metemo-nos do corta-relvas a caminho de Pedra de Lume. Lá estava já o nosso amigo Jô à nossa espera, mas hoje não estava acompanhado pelo Fredão (cadela com nome de cão). Fomos para a maior piscina de sal e com cuidado entrámos e ficámos a flutuar. Aqui não é preciso ter medo de aparecerem bichos ou coisas estranhas dentro de água, porque aqui nada sobrevive, só é preciso ter atenção para não mergulhar e não deixar entrar água para os olhos... se não temos problemas a sério...
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Começou a escurece e nós dentro de água a flutuar... parecia que estávamos no mar morto... Estávamos já a sair de dentro de água quando a minha mãe se começa a sentir mal... o jantar de ontem com o peixe frito não lhe fez nada bem ao fígado... que chatice...
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Voltámos rapidamente para casa para ela descansar e como não estava a ficar melhor fomos chamar a Drª Mónica, amiga da Srª que nos emprestou a casa e que mora num apartamento aqui mesmo ao lado. Não sabíamos bem o nº da casa, mas sabíamos que estava num bloco de doze casas, por sorte a primeira porta em que batemos era mesmo a dela, e em menos de 5 minutos já estávamos no nosso apartamento para ela consultar a minha mãe. Depois de uma brutal injecção e de uns valentes comprimidos as coisas começaram a melhorar e a minha mãe ficou a descansar.
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Entretanto fui ao aeroporto para ir buscar a Lígia que ia jantar connosco. Ela vinha toda contente porque a Vivian, a sua futura filhota já fez o teste do HIV e deu negativo, que alívio... Para além disso o processo já começou a andar e o juiz vai formalizar as coisas para a adopção até ao fim do mês, e por isso a Lígia volta a Portugal para tratar de tudo em casa e na Segurança Social para receber a sua menina em condições e com tudo em ordem.
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Fomos para a Murdeira jantar ao restaurante à beira da piscina... comer um peixinho grelhado... mesmo bom. Para a mãe pedimos um peixe cozido que eles prepararam com imenso cuidado para levarmos para casa (onde a minha mãe tinha ficado a descansar).
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Voltei a ir para o aeroporto mas desta vez para ir por a Lígia, e depois das despedidas voltei para a Murdeira até à hora de chegada do voo de Lisboa onde vinha a minha tia São.
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Estivemos a estupidificar em frente à televisão durante uma hora a ver a SIC, à espera que chegasse a hora do voo. Depois... quase a dormir... lá nos arrastámos para o jipe e com muito esforço seguimos para Espargos. O Rui ficou a dormir no carro e eu e a Rita ficámos a desesperar de frio e sono nos bancos desconfortáveis do aeroporto. Depois de mais de meia hora de atraso lá chegou o avião e lá veio a titia.
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Nova viagem no corta-relvas até Santa Maria para ir por a Rita e o Rui ao hotel, e depois nova viagem para a Murdeira para o merecido descanso dos guerreiros...
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A aventura deste dia acabou por volta das 2:30 da manhã... ufff que canseira.

domingo, abril 17, 2005

Parabéns a você...

Dia de anos da minha irmã mais linda e mais querida...
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Acordámos bem cedo como é costume em Cabo Verde e ainda antes de tomarmos o pequeno almoço já a Rita tinha recebido a sua 3ª prenda (chávenas de café em barro, algo toscas por serem de produção manual). Seguimos para a sala/varanda do pequeno-almoço e aí, mais uma vez eu não resisti aos magníficos ovos estrelados... aqui os ovos têm mesmo sabor a ovos... em Portugal isto já não acontece... é óptimo.
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Depois do "repasto" e de fazer umas sandocas para o caminho decidimos ir alugar um carro... a foi assim que conhecemos o "corta-relvas"... Corta-relvas é nome carinhoso que nós demos ao nosso "super-jipe" vermelho... E porquê este nome? Ora bem... por onde hei-de começar?... O Jipe era vermelho, era um modelo SideKick, tinha os estofos em muito mau estado, não tinha ar condicionado, tinha 5 portas sendo que as duas portas do lado direito só abriam por fora, um vidro abria totalmente, outro abria pela metade, outro precisava de ajuda com a mão para o subir e descer direito e o outro não mexia porque lhe faltava o manípulo, os pneus estavam quase carecas e o pneu de trás do lado esquerdo já estava furado, o que era menos uma preocupação... o furo era lento por isso 1 vez por dia convinha ir encher outra vez, para além disto nunca sabíamos muito bem quanto íamos gastar de gasolina porque o ponteiro da gasolina estava partido e não mexia... Mas isto tudo não é nada... comparado com o barulho ensurdecedor que o motor fazia na maior parte das rotações, sendo necessário treinar o pé para evitar aquela chinfrineira que nos fez baptizar o jipe vermelho de Corta-Relvas...
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Agora com um carro todo o terreno que podíamos partir á vontade, decidimos ir explorar a ilha... Começamos por Shark's Bay, que é relativamente perto de Santa Maria, mas a única forma de lá chegar com o equipamento todo de kite é de jipe pelo meio da areia. Para além de quase termos ficado atolados no meio do nada, a viagem até que foi interessante... tentar escolher o melhor caminho porque o 4x4 não funcionava... era obra difícil mas não impossível.
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Quando começamos a tirar a tralha toda da pequeníssima bagageira do jipe percebi que o vento a sério tinha vindo para ficar, e logo na semana de férias da minha irmã... bolas é preciso ter azar...
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Não consegui sequer tirar a prancha de bodyboard de dentro do saco, apenas consegui tirar algumas fotos do Rui a "Kitar" (fazer Kite surf) mas com imenso cuidado para não avariar a super-máquina com os biliões de grãos de areia que me atacavam sem dó nem piedade...
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Depois de um rápido mergulho e de uma corridinha para secar ao longo da praia saímos a correr para ir buscar mais uma visita que aterrava às 12:30h. A minha Mãe.
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Todos salgados e despenteados lá corremos para o aeroporto dos Espargos com o corta-relvas a bombar e chupar gasolina... se tivéssemos ponteiro da gasolina quase que jurava que o teria visto a descer com a velocidade alucinante a que andávamos na única estrada a sério do Sal (íamos a 60 Km/h).
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Como o aeroporto é enorme....(ironia...) a minha mãe conseguiu sair por uma porta enquanto nós esperávamos na outra... mas nada que uns 30 passos não resolvessem rapidamente. Aiiii que saudades.... foi tão bom ter-te cá mamã...
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E com a excursão quase toda reunida, pegámos nas malas pesadíssimas carregadas com os bens de primeira necessidade que tanta falta me faziam aqui (batedeira, varinha mágica, recargas de sabonetes e gel de duche, e até massa...), e fomos conhecer a Murdeira. Murdeira é um condomínio fechado com vivendas e apartamentos, com praia privativa e com segurança 24h. Era aqui que iríamos ficar instaladas (eu e a minha mãe) até ao dia da partida para o Mindelo.
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Saímos rapidamente de casa, sem sequer abrir as malas e lá seguimos para Palmeira, uma terriola perto de Espargos, onde existem casinhas coloniais giríssimas e casas de cimento novas ainda por acabar e muito feias naquela que é a zona nova do lugar. Foi no meio desta zona mais periférica que encontrámos o restaurante "Nôs Pimba", eheheh delirante... Aqui comemos um bom marisco... finalmente... Cracas, camarão e perceves.... hummmm, que bom... tirámos a barriga de misérias.
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Depois do almoço seguimos outra vez no corta-relvas para novas paragens, Pedra de Lume. É nesta localidade que se encontram as salinas que "no tempo dos portugueses" produziam grande parte da riqueza desta ilha, e tinham os equipamentos mais sofisticados para a extracção e exploração deste "ouro branco". O Jô, guarda e guia das salinas explicou-nos que as salinas estão no meio de uma cratera de vulcão que abateu, e que a água que abastece estas "piscinas" não é do mar, é do vulcão (diz ele)... O Jô segue a tradição do seu pai e do seu avô a cuidar destas salinas agora geridas por italianos... e nas suas lides diárias é acompanhado por um fiel companheiro o fredão, um cão rafeiro giríssimo, e que afinal não é cão mas sim cadela... O Jô é que ainda não sabe...
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Fomos ver as salinas bem de perto e depois de termos ficado com uns pequenos “recuerdos” combinámos com o nosso anfitrião que no dia seguinte voltávamos para tomar um banho dentro da salina principal... Uauuuu... o mar morto em ponto pequeno.
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Voltámos ao quarto de hotel para tomar banho e trazer as minhas coisas e para depois seguirmos para o jantar de anos da Rita no famoso Funáná. Funáná é o nome de um estilo de música típica de Cabo Verde, mas no restaurante não era esta a música que se dançava e ouvia. O restaurante é engraçado, mas o "cenário" é mesmo para turista ver... queríamos finalmente comer um peixinho grelhado (supostamente uma das especialidades do restaurante) mas o carvão tinha acabado, e por isso tivemos de comer peixe frito... podia ter sido pior.
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Ao jantar a Rita recebeu a minha última prenda, um espanta-espíritos feito por mim com contas de vidro de murano (Itália), quem quiser um parecido faça as suas encomendas, mas aviso já que sai caro... mais pelo material do que pela mão de obra, é que as coisas em CV são caras para burro...

sábado, abril 16, 2005

Santa Maria

Não, não estou ainda a rezar por causa do voo.
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Santa Maria é a praia mais conhecida da ilha do Sal, e consequentemente é a praia mais conhecida de Cabo Verde porque, (in)felizmente, quem vem aqui passar férias normalmente não vai ver as outras ilhas..
Ora o que fizemos nós neste dia? (perguntam vocês), fomos ver a praia ao pé do pontão e andámos a pesquisar o território à volta do hotel. Vimos uns Kites e apanhámos vento, muito vento...
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Voltámos para o hotel onde estava à nossa espera o "guia" para nos tentar "vender" umas excursões... o costume... já se sabe que é sempre assim... Mas conseguimos que ele nos desse informações preciosas... Como por exemplo sítios para comer fora dos locais mais turísticos... ou seja, tascas onde se come bem a comida local e barata...
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Depois de conseguirmos um mapa com as pouquíssimas ruas e estradas de terra batida do Sal, fomos descobrir a vila de Santa Maria. Esta vilazita tem 2 ruas principais ao longo das quais acontece tudo: a R. da Igreja e a R. do Relax. Durante o nosso percurso fomos frequentemente "assediados" por vendedores ambulantes que diziam vender artesanato "bom, mais barato" e que supostamente era de Cabo Verde, mas na maior parte das vezes é mesmo de "África". Para os cabo-verdianos África é o continente, Cabo Verde é uma coisa completamente diferente de África... e realmente quem conhece este continente percebe que é bem verdade...
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Ao longo da dura jornada debaixo de um sol forte e de uma ventania descomunal decidimos ir às compras para nos abastecermos para os futuros almoços na ilha. Comprámos pão acabadinho de fazer, bolachas, sumo e água, e como não encontrámos o típico queijo "di terra", que eu adoro, tivemos mesmo que comprar um queijo europeu qualquer.
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Continuámos então a nossa descoberta... seguimos até quase ao fim da vila e descobrimos uma praia muito fixe... com água quentinha (os normais 21ºC), com umas palhotinhas a fazer sombra e com montes de Kites e de velas de windsurf a acelerar por cima das ondas. Claro que perante este cenário o Rui não resistiu e lá foi alugar uma vela de windsurf para "apalpar terreno" e conhecer o mar e o vento.
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Depois do Rui acabar a volta de 1 hora decidiu ir ao hotel buscar o equipamento a sério: o equipamento de Kite surf. E aí sim... aí é que foi bombar... o vento é que estava um bocadinho forte e a empurrar para fora (alto mar), e por causa disso a Rita não pode "kitar".... foi pena queria mesmo ver-te a andar...
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Acho que neste dia tirei algumas das minhas melhores fotografias... não conseguia parar...
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Ao fim do dia... já um bocado cansados... estas actividades de praia cansam bué... fomos jantar ao Mateus, que é um dos restaurantes mais conhecidos de Sta Maria e onde se pode comer um bom peixe grelhado e ouvir boa música cabo-verdiana. Mas parece que hoje estávamos com azar... o peixe não estava nada de especial, o jantar foi caro (aliás como tudo aqui no Sal), a música não era só cabo-verdiana e eu fiquei com uma brutal dor de cabeça... Acho que estava a sentir os primeiros sinais de insolação... toca de tomar um "shot" de água com sal e açúcar para repor os níveis de água e sais no organismo, e depois é descansar até ao dia seguinte.
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Voltámos para o hotel por entre ruelas de terra batida e sem grande iluminação... E chegados ao "aconchego do lar" eram já 22:30h, ou seja eram 00:30h em Portugal... Aproveitei a deixa e dei a primeira prenda à aniversariante... a Ritinha uma boneca de pano típica de Sto Antão (a ilha mais bonita de Cabo Verde). Como as 23h chegaram depressa decidi dar-lhe também a 2ª prenda do dia de anos, uns copinhos para licor típicos de S. Vicente (a ilha onde vivo)... e como o cansaço já era muito adormecemos antes da meia-noite e portanto o resto das prendas teve que ficar para a manhã seguinte.

Um saltinho até ao Sal

Pois é... depois de terem passado 77 dias desde que pisei pela primeira vez o Sal e iniciei esta viagem-aventura deveras atribulada, com duas passagens rápidas pela pista do aeroporto dos Espargos à 70 e à 49 dias atrás (altura do meu regresso), voltei novamente a esta ilha mas desta vez por razões bastante diferentes...
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Desta vez regressei não para passar rapidamente para Lisboa, mas sim para ficar 4 dias com as minhas primeiras visitas e para passar os anos da minha irmã.
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Parti de S. Vicente perto das 23h, foi o pior voo da minha vida, logo que levantámos voo pensei que ia morrer... não estou a gozar... houve pessoas que até entraram em pânico quando a levantar da pista o avião inclina e quase que tocava com a asa direita no chão, acho que o comandante conseguir evitar o desastre por milímetros... para além disto estivemos o tempo todo com os cintos apertados porque os poços de ar eram mais que muitos e eu voava mesmo dentro do avião e com o cinto bem apertado... vínhamos todos agarrados às cadeiras... Foi horrível... mas já passou.
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Mal aterrei percebi que o avião em que a Rita e o Rui tinham vindo tinha acabado de aterrar também. Ainda do autocarro do aeroporto vi a minha irmã na fila dos passaportes... finalmente... que saudades. Depois de abraços enormes e de sorrisos largos, lá falei com o tipo do transfer para me dar uma boleia para o Hotel.
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Mesmo cheias de sono não conseguíamos parar de falar... as saudades eram muitas... mas depois de nos instalarmos e de trocar os habituais "estás tão gira!", "cortaste o cabelo!", "estás bronzeada... que inveja!" e "que saudades maninha...", lá conseguimos dormir num quarto mini onde cabiam bem apertadinhas camas para 3 pessoas, um armário com a porta a atirar-se para o chão, o saco enorme das velas e pranchas de Kite, as 3 malas, e pouco mais...
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Para além disto a casa de banho tinha uma porta que teimava em ficar aberta porque não tinha fechadura, as 2 únicas toalhas eram do chinês, e não tínhamos sabonetes...
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Bem, o hotel não era assim tão mau... prefiro pensar que este tipo de hotéis são concebidos propositadamente para sítios com praia e bom tempo, e por isso nos obrigam a ficar fora do quarto o máximo de tempo possível...
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Apenas para que fique registado... o nome do Hotel é Sobrado.

quinta-feira, abril 14, 2005


DUNA... a gatinha mais linda do mundo... é tão micro-mini que a primeira caminha dela era uma caixa de chocapic... simmmm aqui também há chocapic... Posted by Hello

quarta-feira, abril 13, 2005

Cinema

Pois... hoje foi o dia de finalmente entrar na única sala de cinema que existe no Mindelo.
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O esquema do cinema aqui é bem diferente do de Portugal. Primeiro só existe uma sala de cinema, Eden Park, que está localizada no centro da cidade, mesmo em frente à Praça Nova e ao lado do hotel onde fiquei hospedade durante a primeira semana. Depois os filmes estreiam ao sábado, sendo que nesse dia há apenas uma sessão. No domingo normalmente também há uma sessão mas eu matiné, e caso o filme seja muito bom ou se preveja que tenha muita audiência passam também o filme à noite. Durante a semana o mesmo filme mantém-se em apenas uma sessão diária às 19:15. E todas as semanas o filme muda.
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Mas o curioso não é só isto... Ora vejamos:
- às 19:10 vamos comprar os bilhetes à bilheteira que existe fora do edifício, estilo bilheteira dos estádios de futebol,
- o bilhete custa 100$00 (escudos cabo-verdianos, o que dá cerca de 200$00 portugueses),
- à frente da bilheteira há sempre 3 ou 4 bancas senhoras com umas cestas cheias de amendoin, rebuçados, sucrinha, e outras coisas afins, às vezes até há uma espécie de pipocas. Claro que não resisti e decidi comprar 1 saco de amendoins por 50$00 e lá fui eu para dentro da sala de cinema,
- à entrada da sala existem imensas plantas naturais,
- os bancos na sala são vermelhos e um tanto ou quanto desconfortáveis, até porque se colam ao corpo,
- a tela até que é grande, só não é grande coisa
- o projector está mesmo perto do público, tanto que durante todo o filme se ouve a fita a passar pela máquina,
- durante o filme as pessoas não desligam os telemóveis, e até os atendem em pleno filme
- ouve-se imenso barulho das pessoas a partirem as cascas de amendoim, muito mais interessante do que o barulho das pipocas
- durante a projecção ninguém na sala está calado, ora são bocas, comentários, piropos, assobios, gargalhadas, palmas,.... sei lá.... de tudo um pouco e alto e bom som... até já me disseram que em filmes mais agitados há mesmo que se ponha em pé em cima das cadeiras a torcer por um protagonista e a dar indicações sobre por onde deve ir o personagem... Básicamente os filmes aqui não passam necessáriamente na tela, muitas vezes passam mesmo é na sala
- no fim do filme a sala fica cheia de cascas de amendoim, e toda a gente sai para ir fazer grogue para a Praça Nova
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Foi uma verdadeira aventura... Fiquei fã...

Aula de teatro

Depois de horas a trabalhar no duro... a vencer o calor que insiste em entrar pela janela do meu gabinete a dentro... Saí do trabalho a correr para ainda apanhar uma das imensas lojas chinesas abertas para com a Lígia comprar umas roupinhas para a Vivian.
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Mas como todo o comércio aqui fecha às 19h e depois não tínhamos nada para fazer, decidimos ir assistir às aulas de teatro que estão a decorrer no Centro Cultural do Mindelo.
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Só vos digo... foi muito fixe... mas agora estou já cansada e nem vos consigo descrever o quanto eu ri... quando saí de lá já me doía a barriga e a garganta de tanto rir...
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Foi divertido e volto lá, pode ser que da próxima vez vos consiga escrever um pouco mais do que hoje.
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(Bolas... não estou mesmo nada inspirada.... O meu último neurónio deve estar a entrar em colapso por excesso de raios solares que batem na minha janela todos os dias...)

terça-feira, abril 12, 2005

Mais um jantar lá em casa...

Isto está a tornar-se um hábito, e por sinal um hábito que eu adoro... Receber pessoas em casa...
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Não me apetecia jantar sozinha e como a Lígia estava cá convidei-a para jantar, depois lembrei-me que o Jota já tinha vindo da Praia (capital de Cabo Verde) e que ele ainda não tinha visto a minha casa nem a minha gata, então liguei-lhe convidei-o para jantar, quando estava a chegar a casa lembrei-me que o que tinha para cozinhar era frango, montes de peitos de frango, e que por muito que tentássemos jamais três pessoas davam conta do recado, então liguei ao João e convidei-o para jantar, como ele já tinha combinado com a Arlete, eu também a convidei para jantar...
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E assim foi... 5 pessoas lá em casa e mais uma gata....
Todos à vontade e todos a cozinhar... depois de uma garrafa de vinho já todos cantavam e dançavam....
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Tentámos sair para ir ouvir música ou passear, mas depois de uma barrigada de strogonoff de frango rebolámos todos rua abaixo até ao Casa Café Mindelo e por aí parámos todos deitados num sofá até nos mandarem embora já passavam 15 min da meia noite.
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E assim começa mais uma duríssima semana de trabalho....

segunda-feira, abril 11, 2005

Visita fotográfica

Desde que aqui cheguei que queria sair com as máquinas fotográficas às costas pelas ruas desta cidade e explorar aquilo que não se vê com olhos de turista nem com olhos de residente... Os pequenos pormenores que me fascinam e que tornam o meu dia-a-dia confortável, mas diferente do dia-a-dia da minha vida em Portugal.
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Então hoje foi o dia... eu e a Catarina saímos para ir à praia, mas como estava muito vento outra vez, passámos rapidamente para o plano B - fotografar o Mindelo.
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Com as máquinas em punho e um bloco de notas no bolso, abri os meus olhos para as pequenas coisas que tornam esta cidade única, bonita e diferente...
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Apesar de o tempo estar estranho, bastante carregado com muitas nuvens no céu, eu acho que os slides vão sair bem... espero bem que sim...
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Estas fotos ficam para vermos num dos muitos reencontros no fim do ano... e para estes levarei o projector e a tela para projectar...
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No fim do dia, e como já tinha descansado muito no fim-de-semana, decidi fazer mais um jantar. Desta vez os convidados foram a Catarina e o João, e as estrelas da companhia foram duas belíssimas garoupas no forno.... hummmmm. DIVINAIS....
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Eu nunca tinha feito o peixe assim, aliás... raras são as vezes em que eu faço peixe... e este ficou óptimo... delicioso... acabou num instante e se houvesse mais também não tinha sobrado...
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Estão a perceber agora qual é o meu problema em emagrecer?!! eu só faço coisas saudáveis, e tenho comido comidinha caseira, tanto em casa como nos restaurantes aqui da zona, mas infelizmente a comida é demasiado boa. Até a minha comida me sabe tão bem... e olhem que não tenho comido porcarias... mas a verdade é que não me parece que vá emagrecer durante este ano.... Paciência fica para a próxima...

sábado, abril 09, 2005

Deitar tarde e cedo erguer...

Pois... esta manhã depois de me ter deitado às 3h da manhã, a única coisa que me apetecia era dormir tranquilamente até às 14h pelo menos... Mas não foi isso que aconteceu.
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Eu agora tenho um bébé em casa... a Duna... é uma gata, mas é uma gata bébé. Então eram 5h da manhã estava ela a acordar e a pedir para ir à casa de banho... já sabe que tem de ir à casa de banho. Então lá me levantei eu cheia de sono a tropeçar naquela bola de pêlo com quatro patas e que mia... e com grande esforço lá me arrastei de olhos quase fechados (o chinês que existe dentro de mim revela-se por volta desta hora...) até ao caixote da menina Duna Carmita para ela e eu depois podermos dormir descansadas.
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Quando me voltei a entrar no meu vale dos lençóis pensei ingenuamente que ia conseguir agora sim dormir até depois do meio dia... Mas estava enganada...
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Eram 7:30h da manhã quando a Duna decidiu que já eram horas de comer... Então lá me levantou eu novamente e com bastante esforço meto-me debaixo do belo do chuveiro eléctrico (algo que não existe em Portugal... depois mando-vos fotos desta maravilha da técnica), para tomar um banho morno a tender para o quente. Saio do banho e está a Duna a olhar com um ar maravilhado para aquela coisa estranha que manda as pessoas cá para fora cobertas com uma camada de um líquido transparente (a água ainda não lhe tinha sido apresentada...), e com um cheiro completamente diferente do que tinham antes (pois... usei gel de duche...). Escusado será dizer que esta gatinha achou que tinha perdido pela segunda vez a sua mamã (ela já me adoptou), e que eu com o banho tomado era um terceiro ser com características completamente diferentes. Logo que me cheirou as pernas, ainda molhadas, fugiu a sete pés para debaixo do meu novo sofá.
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Só quando me meti na cozinha a aquecer um bocadinho de leite é que ela voltou a aparecer e aí é que me reconheceu. Afinal... quem lhe dá comida é sempre bem-vindo...
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Depois de muito brincar com ela, tocaram-me à campainha, era a Lígia, e finalmente com novidades... Finalmente o processo de adopção da Vivian está a andar, se tudo correr bem dentro de duas semanas era terá oficialmente uma linda menina de 2 anos e 3 meses... E eu serei uma "tia" babada...
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Enquanto eu comia lá íamos fazendo uma lista mental das coisas que seria necessário comprar para dar as boas vindas à bébé Vivian. E a Lígia deliciada fazia um monte de festinhas ao membro mais recente da minha família, a minha "filhota" Duna. Quando vim para cá meti mesmo na cabeça que não ia adoptar nenhum animalzinho, mas ainda bem que a Duna apareceu no meio do meu caminho...
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Logo que me despachei saímos de casa e fomos às compras... as primeiras compras para a Vivian, e as minhas primeiras compras de coisas para decorar a casa. Depois fui ao mercado por as almofadas para me fazerem umas fronhas, e finalmente comprei o tecido para cobrir o sofá.
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De regresso a casa almocei e depois encontrei a Catarina, então para aproveitar ainda mais um bocadinho do dia fomos até à Laginha, com o biquini vestido para podermos dar um mergulho. Mas... azar dos azares... tem estado uma ventania tal que já não ponho os pés na praia à 2 semanas... O vento estava tão forte que andar de bicicleta era impossível porque ficava parada, e andar a pé também era difícil... requeria uma boa preparação física e algumas camadas de roupa para travar o bombardeamento com grão de areia que quase perfuravam a pele.
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Em vez de um banho de mar que tanto me apetecia, ficámos à conversa com a Marta e a Bélem, numa esplanada que existe mesmo em frente à praia. E depois de várias tentativas de banho desistimos e voltámos para o centro da cidade.
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Estava tão cansada que quando vi a R. de Lisboa só me apetecia ter logo ali a minha rica caminha, mas depois lembrei-me que não tinha nada para comer nem para beber em casa... estava na hora de ir às compras... Lá fui ao Seri Lopes para me abastecer de tudo e mais alguma coisa, até de latas de comida para gato (que no próximo fim-de-semana não vou estar cá e alguém tem de vir a minha casa por comida à Duna).
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Cheguei a casa carregadíssima, aqueles 200 mts desde o supermercado até à minha porta custaram-me horrores e cravaram-me calos nas mãos para os próximos dias... Depois de arrumar tudo... fiz uma bela tosta mista e um leite com chocolate bem quente, sentei-me no sofá com a televisão ligada no TVP e adormeci que nem um anjo... ainda antes das 19:30h...

Tolerância de Ponto

Hoje houve tolerância de ponto, não porque é feriado nacional, mas porque hoje é o funeral do Santo Padre... Foi algo inesperado, mas eu não me importo nada de ter mais um dia de descanso.
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Hoje a cidade estava vazia, não se via vivalma, é impressionante... Todas as lojas e todos os serviços estavam fechados, até as 64 lojas de chineses que existem no Mindelo, estiveram fechadas o dia todo (os chineses aqui são muito diferentes...)
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Aproveitei então este dia de folga para conhecer melhor a minha gatinha e para a dar a conhecer a alguns dos meus amigos do Mindelo. Assim fui almoçar com a Catarina a casa da Maria Adelina, que é uma portuguesa, de Leiria, é fotógrafa e vem passar aqui cerca de 3 meses todos os anos.
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Ao jantar como já tinha combinado foi a vez de eu fazer um jantar e foram elas as duas lá ter a minha casa. Bem... eram 20h quando começámos a fazer o jantar, lá experimentámos o meu forno a gás com um belo franguinho, que ficou delicioso... E depois do jantar ficámos à conversa, e quando demos por ela eram 2:30h da manhã... a gatinha já dormia profundamente atrás de uma das almofadas do meu novo sofá... e então decidimos acabar a noite por aqui. Não sem antes dar uma voltinha na marginal para desmoer um bocadinho...

sexta-feira, abril 08, 2005

uma DUNA dentro de casa

Pois é.... tenho mesmo uma duna dentro de casa....
e como é isso possível perguntam vocês?
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Ora bem... tudo começou assim:
quinta feira às 18h estava eu a sair do emprego a dirigia-me para o supermercado, precisava de comprar algumas coisas para o jantar e já tinha acabado os garrafões de água que tinha em casa. Passava tranquilamente na Travessa da Praia quando quase tropeço na nova inquilina que tenho em casa. A Duna, uma gatinha linda com cerca de 2 meses, com dentes de leite, olhos azuis, malhada, tão pequenina que cabe na minha mão e é mais pequena que o meu pé (nº 36).
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Esta bébé, estava a miar e a andar meia atarantada de um lado para o outro. Depois de meia hora a tentar perceber o que é que ela andava a fazer, e a ver se encontrava a mãe ou os irmão dela, percebi que ela estava perdida. Ela ainda não via muito bem, e com o andar meio desengonçado nem conseguia evitar tropeçar nas pedras do chão.
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Peguei nela ao colo e logo apareceram umas 5 pessoas que me diziam que a levasse para casa e que a tratasse bem. Veio ter comigo um mendigo, uma senhora bem vestida, um senhor surdo-mudo e mais duas pessoas normais.
O mendigo dizia que ela tinha que ir para minha casa porque ela tinha fome e frio à noite, a senhora bem vestida dizia-me que se eu quisesse um gatinho que devia deixar este na rua que ela dava-me um siamês puro de uma ninhada que estava para nascer em casa dela, e o surdo-mudo não disse nada, apenas pegou nela com imenso carinho e tentou perceber se era gatinha ou gatinho.
Quando eu lhe disse que era gatinha, apontando para mim ele confirmou com a cabeça e um enorme sorriso. Colocou-a nas minhas mão e fez-me um sinal de me ir embora com ela e para a tratar bem.
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Coração mole como sou lá a trouxe para casa.
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Mal cheguei a casa telefonei à Catarina que tem em casa o Fanfrélio (um gato completamente alucinado... e muito giro), e pedi-lhe que me fosse ajudar.
A gatinha esteve uma meia hora assustada, eu até fiquei com medo que ela não estivesse bem... pensei que tivesse fome, e frio e então tratei de fazer uma cama e de preparar a comidinha.
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A caminha é uma caixa de chocapic com o pano do pó que trouxe de Portugal para a aquecer. E a sua primeira refeição era um bocadinho de leite que ainda tinha em casa, diluído com água (como não tinha chegado a ir às compras, não tinha mais nada em casa).
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Depois de comer a gatinha começou logo a arrebitar e agora já é dona e senhora daquela casa.
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Nem vos consigo dizer como ela é linda... enche-me a casa e o coração... é tão bom ter companhia... ter alguém que nos espera quando chegamos tarde a casa... alguém que nos dá mimos e nos faz rir com as suas brincadeiras e que nos ama do fundo do coração, sem pedir mais do que uns minutos de atenção...
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Duna da Praia de Cabo Verde, és a menina dos meus olhos... o meu bébé... com os teus passinhos de gata encontraste o caminho para o meu coração...

quinta-feira, abril 07, 2005

TVP

TVP esta é a sigla do mais conhecido canal de televisão do Mindelo, e significa TV Pulú.
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Pulú??? perguntam vocês. Sim, Pulú. Pulú é um senhor que tem uma antena potentíssima e que apanha uma série de canais incluindo os canais portugueses, os canais brasileiros, a Sport Tv e até os canais Lusomundo, e depois para se entreter decidiu comprar um retransmissor e mostrar ao mundo o que ele vê em casa. Assim nasceu a TVP, agora ele até já faz reportagens sobre os golfinhos que apareceram na Laginha e sobre o carnaval... Qualquer dia até já passa anúncios...
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Este canal é tão rico que até já tem mais audiência do que a TCV (Televisão de Cabo Verde). E este canal é o máximo... estou eu muito tranquila a ver as notícias da SIC notícias e ele decide mudar de canal para a Sport TV... é lindo... dá-me uns nervos....
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O programa diário normalmente é assim (daquilo que eu já vi): às 8h da manhã dá desenhos animados de um canal qualquer que ainda não percebi qual; à hora de almoço dá as notícias da SIC notícias; depois dá um programa da Barbara Guimarães; depois dá o TV Show da Globo TV; à noite normalmente dá futebol da Sport TV; e depois dá um ou dois filmes da Lusomundo.
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Este canal é de tal maneira conhecido que o Pulú chega a receber telefonemas das pessoas que assistem ao canal a dizer "não mudes agora Pulú, deixa acabar de ver este programa." É lindo... este país, tem coisas incríveis...
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De vez em quando também vejo os outros canais de televisão, mas só tenho mais dois à escolha. A TCV que só abre a emissão ao fim da tarde (já parece como em Moçambique...), e neste canal costumo ver as notícias durante a semana, costumo ver o programa "Semana ao Domingo" que é um resumo das notícias da semana que passa ao Domingo ao fim da tarde, e vejo ainda o fecho da emissão com a bandeira nacional e esvoaçar ao vento.
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No outro canal a que tenho acesso, o canal RECORD, nem sei muito bem o que se passa... Acho que é o canal da Igreja Universal do Reino de Deus... os tipos passam imensos programas de venda ao longo do dia, passam receitas, passam a telenovela "Escrava Isaura", e à noite têm uma programa que acho que se chama "A Chama da Verdade", onde eles literalmente queimam os problemas das pessoas, escritos em papel, usando a tal chama, que não passa de uma lamparina acesa. Mas há imensa gente a telefonar para lá a chorar e a queixar-se dos seus males. Os tipos dos programas são brasileiros, mas dirigem-se para a comunidade mundial que partilha a língua portuguesa, e as pessoas que para lá telefonam são portugueses, cabo-verdianos, brasileiros e acho que também já ouvi lá angolanos.
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Qualquer dia falo-vos também da rádio que se ouve por aqui... não tem nada a haver com a nossa rádio...
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Viva Cabo Verde... estou a adorar estar diferenças...

quarta-feira, abril 06, 2005

Que vida dura !!!

Ai....
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Esta vida é mesmo dura...
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Vejam lá que ando tão cansada, mas tão cansada que nem consegui acordar hoje... Isto de ter sempre programas para todos os fins de tarde é muito difícil...
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O pior é que preocupei meio mundo... Estava eu a dormir profundamente quando o telemóvel tocou com sinal de chamada. Eu pensei "quem é que me está a ligar antes das 7 da manhã?" (o meu despertador começa a tocar à 7 da manhã e não pára durante 2 horas). Vi que era um Engº da Câmara Municipal de S. Vicente, a ligar-me provavelmente para marcar uma reunião. Mas antes de atender decidi ver que horas eram... Pois... foi o choque... um verdadeiro balde de água fria atirado à minha cara... eram 9:30 da manhã.... Eu começo a trabalhar às 8:00.
Bolas... já não atendi o telefone porque ia falar com voz ensonada, mas dei um salto da cama e corri para o duche para acordar. Vesti-me e enquanto tomava o pequeno-almoço liguei a televesão para ver as notícias (simmmm..... eu já tenho televisão....). Entretanto tocam-me à porta, e eu pensei que era a Paula que tinha chegado atrasada para fazer as limpezas.
Quando abri a porta vejo a Carmita (a minha senhoria), a Lígia (a que vai adoptar uma criança) e a Paula (que vinha fazer as limpezas)... todas elas com um ar de quem tinha visto um fantasma...
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Então o que se passou foi que para além do despertador/rádio ter estado a tocar das 07:00 às 09:00, e para além do despertador do telemóvel que toca durante 1 hora de 10 em 10 minutos, a Paula esteve a tocar à minha campaínha e a bater à porta quase meia hora e eu não ouvi.
Ela pensou que eu já tinha ido para o trabalho e então lá veio ela à empresa à minha procura. Claro que eu não estava. Então lá voltou a Paula a minha casa e foi procurar a minha senhoria. A Carmita foi perguntar à Ligia se sabia alguma coisa de mim, e ela só sabia que eu tinha ido dormir às 22:00 e que estava bastante cansada.
Ficou tudo num alvoroço, pegaram na chave suplente que eu deixo em casa da Carmita e subiram as três para minha casa, ficaram junto à porta sem saber se a abriam ou se batiam à porta primeiro.
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Eu abri a porta e expliquei o que se tinha passado, mas o susto que lhes preguei foi valente. Estava eu a falar com elas quando o João (meu colega que agora mora no apartamento em frente ao meu), aparece acabado de sair do banho, ainda com a toalha... Também tinha adormecido... Foi a risota total...
Qualquer dia ainda somos despedidos...

segunda-feira, abril 04, 2005

Bolo de Natas

Susy a tua receita é óptima.
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Problema - têm de se bater as claras em castelo... ai o meu braço...
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Para não comer tudo dei praticamente metade aos filhos da Paula (Srª que faz as limpezas lá em casa)

domingo, abril 03, 2005

A Insustentável Leveza do Ser

das 15h às 02:30h li tudo de seguida, sem conseguir parar.
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Adorei.

sábado, abril 02, 2005

Coisas soltas - again

- Sofá e almofadas - finalmente fui comprar as componentes que faltavam para ter algum conforto na minha sala, um colchão de espuma e 5 almofadas feitas à medida, agora já só falta o tecido para forrar, mas o cor-de-laranja está esgotado na ilha de S. Vicente...´
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- Almoço com Ana Cordeiro (Directora do Centro Cultural Português) - cachupa mais uma vez e muitíssimo boa. A cadela dalmata adorou-me e não me largava e o gato igual ao dingo só queria mimos...
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- Jantar em casa da Joana - Bióloga Marinha demasiado tímida para eu perceber o que está a fazer aqui e se precisa de algum apoio
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- O Papa morre - Paz à sua alma...

sexta-feira, abril 01, 2005

O dias das mentiras

Pode ter parecido mentira este dia, mas não foi...
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Quanto à adopção... as coisas já se começam a encaminhar... o processo vai avançar para adoptar uma menina de dois anos que foi abandonada à um ano pela mãe... e pelo pai foi abandonada desde a nascença como é hábito por aqui...
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- golfinhos na Lajinha - pensei que era a mentira do dia 1 de Abril, mas afinal era verdade, eram cerca de 20 e a população entrou dentro de água para evitar que eles encalhassem, no fim regressaram ao mar.
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Um dia com dois finais felizes...

Tertúlia

Labirintos da Arte, foi o tema da Tertúlia que teve lugar no Casa Café Mindelo que é de uma portuguesa que decidiu vir viver para cá.
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O convidado era João Branco e falou-nos do seu percurso... e depois... tudo sobre o teatro foi discutido e aplaudido...
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Foi bastante interessante....