terça-feira, março 31, 2009

Regresso à vida

Sabem aquelas longas horas que se perdem nos longos dias em que não se dorme, não se come, não se vê ninguém, em que se sonha com números e em que somos só nos e os nossos pensamentos, todos focados na execução de uma só coisa... Trabalho…Uma proposta... pois... foi assim que andei durante 1 semana... e tinha de ser logo a semana depois de estar doentinha...
Ainda andava com febre e já estava com o computador acoplado a mim de forma mais que permanente...
Mas felizmente esses dias passaram e finalmente consegui no fim-de-semana ter o vislumbre do que poderão ser fins-de-semana normais aqui.
Dormi 7 a 8 horas por dia, finalmente e o corpo agradeceu. Sábado acordei cedinho peguei na mochila e recheei-a com protector solar, chinelos de enfiar no dedo, t-shirt, luvas, boné... e máquina fotográfica xpto.
Saio de casa, paro no Nautilus para comprar uma torta de ovos que eu adoro e um sumo de goiaba natural. Apanho o Zé que já de máquina fotográfica em punho salta para o carro e seguimos nós pelas estradas calmas de uma cidade em descanso. Paramos no depósito de água das Águas de Moçambique para as primeiras fotos ao mural de mosaico do Naguib (conhecidíssimo artista moçambicano e que tenho o privilégio de conhecer pessoalmente e de ser uma das suas primeiras fãs... fã desde pequenina...). Fotos atrás de fotos... fascinados com as cores, as ideias, as imagens...
Seguimos depois para a Marginal para o mural gigante que acompanha a estrada ao longo do mar. Para além de enorme é magnífico e tem pormenores difíceis de esquecer. Mais fotos, montes delas... o calor começa a apertar... tenho que descansar... paro a meio e recolho no meu Clube... no Clube Naval.
Como o belo do prego no prato acompanhado da coca-cola com gelo e limão, como manda a regra. Recupero as energias e logo depois saio a correr para a secção de vela. Lá espera-me o companheiro de vela, amigo de juventude e de agora. Carregámos o barco no atrelado e seguimos para o Clube Marítimo pela marginal que serpenteia a baía.
Descanso de mais 1 horita para a maré subir e o vento aumentar a velocidade, mais uma coca-cola e dois dedos de conversa, para ganhar coragem e aparelhar o barco. Em 15 minutos estamos prontos, por protector solar, calçar as luvas, beber água, acertar o relógio e receber instruções sobre o campo de regatas.
Siga, cá vamos nós, para a minha primeira regata em Moçambique, e a primeira de vela ligeira depois de uns 11 anos longe destas andanças.
1ª regata partimos mal, mas logo na primeira bolina passámos de último (para aí 10º) para 3º lugar, boa recuperação, estava tudo a correr bem, não sei como virámos... bolas... em pouco tempo endireitámos o barco e regressámos ao activo, só perdemos um lugar na classificação, mas um erro do júri fez-nos passar para último lugar... bolas... dizem que tocámos na bóia... treta... tinham o barco mal posicionado e não viram nada... que chatice... esta regata é a que sai fora (das 5 do campeonato só vão contar 4).
2ª regata, partimos bem, em 3º lugar, andámos sempre os 3 primeiros ali lado a lado, taco a taco, e na popa conseguimos ganhar vantagem e passar para 2º lugar, que mantivemos até ao final... sempre a abrir... um espectáculo....
Para quem estava enferrujada não foi nada mau... agora no próximo fim-de-semana temos mais, só mais 3 regatas.... que bom...
Agora ando com aquelas dorzinhas boas no corpo, tenho um monte de calos nas mãos e nódoas negras um pouco por todo o lado, e nos lábios um sorriso.... já não me lembrava de como gostava disto...

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