segunda-feira, janeiro 26, 2009

A Saga da Casa

Desde dia 6 até dia 24... estava a ver que isto não acabava... Ainda antes de vir para cá já andava meio mundo à procura de casa para mim, e nem mesmo assim encontrar ninho foi uma tarefa fácil. Vou resumir um pouco as casas e situações que vi e vivi.
Primeiro apartamento, T3 grande com vista para a baía e para a Catembe, precisa de obras e tem um pequeno problema... elevador avariado... sobe, sobe, sobe... bolas... é melhor pensar.
Vou ver outros, vejo muitos outros, tantos que nem me lembro da ordem. T3 com obras na cozinha e nas duas WC, entro e a cozinha está podre e as wc têm a descarga a funcionar à caneca... ok. Siga para outro.
Casa de um Libanês, chegamos antes dele, não podemos entrar porque a mulher está sozinha, esperamos pelo marido. Marido chega, é da minha idade, pergunta para quem é a casa (eu estou acompanhada por duas pessoas das agências), digo que é para mim, e ele responde então só podes entrar tu, mas antes tenho de ver se a minha mulher tem a casa pronta para tu entrares, ok. Espero mais 2 minutos. Quando entro a mulher (muito muito nova) está sentada no sofá da sala frente à televisão onde passa a "Al Jazeera" em árabe, não me dirige o olhar directamente, nem a palavra. O marido mostra-me a casa ao pormenor. Gostei de tudo principalmente por estar totalmente equipada, problema imensa humidade que está a desfazer as paredes... Antes de sair a conversa foge para a guerra entre Israel e Palestina... digo que não compreendo nenhuma guerra, as feições dele alteram-se e diz "vamos lutar até à última gota de sangue", e eu digo, percebo o que sentem, mas continuo a acreditar que há forma melhores de resolver os conflitos, sem que haja necessidade de morrerem tantos inocentes. Em resposta recebi um convite para almoçar com eles. Das duas uma, ou me queria envenenar, ou queria começar um harém. Agradeci, e saí para o almoço. Cá fora chovia torrencialmente e tive que ficar à porta do prédio à espera que houvesse uma aberta, para meu espanto, o rapaz sai de casa com um chapéu-de-chuva para me acompanhar ao carro. Mais espantada fiquei quando me deu o chapéu e seguiu a trás de mim à chuva, a cerca de 2,5m como mandam as boas regras da cultura dele, e como manda o bom cavalheirismo que nunca tinha visto senão em filmes do antigamente.
Continuando com as aventuras das casas. Encontrei entretanto a casa dos meus sonhos, mas estava vazia, sem mobílias nem electrodomésticos, mas negociei com o proprietário e ele comprometeu-se a colocar lá o mínimo dos mínimos para eu poder mudar-me para lá 4 dias depois. Combinei tudo, ligar-lhe-ia daí a 1h para ele me dizer que mobílias iria colocar na casa, e eu entretanto tratava de arranjar o resto no fim-de-semana. Estava feliz, iria regressar ao prédio onde tinha morado quando vivi cá, com uma vista brutal sobre a baía e sobre a cidade, a casa está impecável, com obras recentes, numa zona central, um privilégio. Estava tudo a correr tão bem... quando 1h depois o dito ficou pelo não dito e o preço da casa passou para mais 400 dólares do que o que já estava acordado... fiquei estupefacta, fula, passada... como é que é possível... já tinha a saída do hotel marcada e tudo... bolas.... Volta tudo à estaca zero.
Entretanto vi mais casa, e mais casa, nenhuma especial, em zonas já não tão aconselháveis, algumas bem mais caras, a chegarem a valores como 2.500 dólares por mês... Cheguei a inscrever-me para lista de espera de condomínios fechados mas sem grande esperança de conseguir vaga...
Entretanto no hotel acho que já nem podia mais com a comida do pequeno-almoço, já tinha alergia ao quarto, do gerente à empregada da limpeza já me conhecem pelo nome... bem... estava a criar raízes e as malas a acumular pó num canto do quarto.
Finalmente a 1ª casa que vi, teve o problema do elevador resolvido, as obras de beneficiação estão a ficar concluídas e eu voltei a ir vê-la. Ok, quando é que consegue tê-la pronta? Sábado, responde o senhorio. Fico com ela. E este sábado estavam os homens das obras a sair à hora de almoço e eu a entrar. Finalmente tenho casa.
Carreguei cerca de 150 kg de bagagem pelo elevador ressuscitado, besuntei portas, janelas e armários com mata-insectos, lavei casas de banho, bancadas e etc's e tais, olhei pela janela e finalmente sinto-me em casa.

3 comentários:

Anónimo disse...

Adorei especialmente a parte do "ou me queria envenenar ou começar um harém"!
Mais uma grande aventura que me animei a ler!
Ah...e parabéns pelo teu cantinho finalmente! :)

AG disse...

A comitiva do Karaoke já pode vir para cá dar espectáculo, já têm onde ficar.
E aquela de "dar graxa" não é dar graxa, é simpatia, o pessoal costuma trazer amendoim para oferecer aos colegas, vocês aí é que são todos uns forretas que só compram bolinhos para alguns ou porque tem de ser, e depois há uns bichos papões que os comem todos sem sequer perguntar quem é que faz anos...

Afonsita disse...

Eh pá... não me digas k convidaste o Eng. Vale para passar ai umas fériazinhas à tua pala com muitos bolinhos e cachupa... hum... adoro cachupa...