segunda-feira, janeiro 12, 2009

1º Fim-de-semana

Depois de uma semana cheia de sol e muito calor, o sábado acordou ligeiramente cinzento e foi a pouco e pouco carregando céu de nuvens. A meio da manhã, depois de um pequeno-almoço descansado, fui ver um apartamento que teoricamente reunia as condições desejadas. Chagada ao local, percebemos que o elevador estava avariado, e então o que fazer? decidi que mesmo assim ia ver a dita casa. Toca a subir, subir, subir... e pára para descansar, e depois sobe mais e mais e mais, e pronto chegámos com a língua de fora ao 8º andar. Abrimos uma porta, depois outra, e finalmente no hall do piso abrimos o portão da casa com 2 cadeados, e depois finalmente a porta reforçada. A casa era um T3, com sala grande, cozinha gigante, 1 varanda, zona de lavagem, 2 wc, 3 quartos com ar condicionado, wc para empregada, copa, electrodomésticos incluindo 2 frigoríficos, 1 arca e 1 máquina de lavar a roupa. Acabadinha de pintar, com mobília em todas as divisões, apesar da época de Luís XV, mas com umas capulanas em cima dá para disfarçar. 1500 dólares por mês, mais condomínio, mais tv-cabo, mais internet, mas ainda tem lugar na garagem. Parece-me bem, não fossem os 8 andares para subir cada vez que o elevador avaria (e ao que parece é bastante frequente). Decidi que é melhor procurar mais casas e desta vez mais baixas.
Saio daqui e vou ao Polana Shopping Center, entro na europa, e tenho tudo o que preciso e não preciso está ali à mão de semear, ao passo que lá fora para muitos falta tudo... enfim... coisas de país em vias de desenvolvimento (em linguagem politicamente correcta).
Almoço depois num dos sítios que mais me é familiar o Clube Naval, onde fui sócia, eu e toda a família, onde tínhamos o barco Caluca, que procurei nas boxes mas não encontrei, onde nadava na piscina, de onde saiam os barcos à vela, onde se mostravam os troféus das pescarias de fim-de-semana... memórias.
À tarde choveu, e choveu tanto que só parou de chover na 2ª feira, daquela chuva grossa que cada gota parece um copo de água, daquela chuva quente de verão, daquela que eu apanhava quando estava na escola enquanto jogávamos às escondidas...
No domingo com a capa da chuva vestida meti-me a caminho para casa de uns amigos, almoço em boa companhia, senti-me em casa, como sempre eles me fazem sentir. Fiquei lá horas e acabámos o dia a ver e a cantar o “Mamma mia”, mais uma vez... foi tão bom... delicioso. Obrigada amigos.
Para fechar o fim-de-semana fui "apanhada" pela polícia, e a história merece ser contada: Farda cinzenta (que pelos vistos não é polícia de trânsito nem lhe dá o direito de me pedir a carta de condução, mas só descobri isso mais tarde), armado com uma arma semi-automática de meter respeito, diz que tenho de pagar uma multa de 1.500 meticais (qualquer coisa como 42 €, quando a multa máxima cá é de 1.000 meticais segundo me informaram mais tarde). Respondi que não tinha comigo essa quantia (verdade verdadinha), disse-me que tinha que me apreender a carta até eu pagar e que me passava uma credencial para eu continuar a conduzir, eu respondi que isso não podia ser porque a credencial apenas substituía a carta de condução e a carta de condução não serve apenas para conduzir, é também o meu documento de identificação, pelo que se eu necessitasse de me identificar a algum colega dele até levantar a carta não tinha como. Começou então a dizer que estava só a fazer o seu trabalho, e eu respondi que compreendia e que o respeitava por isso e por considerar que o seu trabalho era muito importante e que era principalmente de educar e sensibilizar as pessoas. Ele disse então que não podia deixar de passar a multa porque esse era dinheiro que iria para os cofres do estado (e eu já a ver o rumo da conversa), disse-lhe que sim, mas que me deixasse então pagar na 2ª feira depois de levantar dinheiro. Ele então disse que ganhava uma comissão da multa, e eu perguntei quanto. 50%, eu arregalei os olhos (750 meticais, bolas, pensei cá para mim). Disse-lhe claramente, olhe, não tenho mesmo esse dinheiro, se tivesse dava-lho já de bom grado (até tinha, mas...), é que eu saí só por um bocadinho e sem dinheiro. Ele disse então para ver o que é que eu podia fazer... dar o que pudesse, ao que eu respondi, que eu vim só com dinheiro para tomar café, porque vinha mesmo só tomar café (tinha ido comer um gelado, mas pronto, até porque não bebo café à noite). Estendeu-me a carta e disse, pode ir. Estendi-lhe a mão e dei-lhe um aperto de mão, agradeci e desejei continuação de bom trabalho. Atravessei a rua, sentei-me no café e tive mesmo que tomar o café... gelados... nicles... fica para a próxima... poupei o dinheiro do gelado e da multa.
Bem me parecia que eles andavam aí... e bem perto.

3 comentários:

PL disse...

Olá!
Lembrei-me de vir aqui "cuscar" para ver se havia novidades. Ainda bem que tudo está a correr bem.
Gosto das tuas descrições, porque nos transportam para aí, para ao pé de ti, para podermos viver as tuas aventuras, mesmo que à distância.
E era mesmo bom estar aí, com esse calor todo. Não me importava dos 35ºC, desde que não estivesse este frio horroroso que se faz sentir em PT! :)
Beijocas

PL disse...

Ah! Já me esquecia... Queremos fotos!!!

Anónimo disse...

Hello Ana.

Tb estou a gostar mto de saber noticias tuas. Boas descrições!

Estive noutro dia a andar pela faixa da direita só para te imitar e não me pareceu nada difícil! Buzinaram algumas vezes mas foi tranquilo.

Quanto às Semi-automáticas ainda não experimentei, mas acho que não consigo ter a tua coragem!

Força e beijinhos,
Rui Bóia