E antes de ser abraçada por uma onda de calor decidi ir despedir-me do frio. No fim-de-semana eu e o grupo do costume enfiámos os gorros e os casacões nos carros e partimos naquela estrada em direcção ao ponto mais alto de Portugal continental - Serra da Estrela.
Palmilhámos a aldeia de Águas e os terrenos do nosso cicerone e grande latifundiário da região para conhecer os terrenos e os seus planos de expansão territorial. Ouvíamos sempre ao longe as badaladas do sino da igreja e o cheiro a lareira enchia os caminhos de pedra. Chovia sempre, tanto que nem se conseguia sentir o cheiro da terra molhada de tão ensopada que estava.
Depois de uma refeição de alho francês à brás subimos à serra em busca de neve. O nevão do fim-de-semana anterior praticamente tinha desaparecido, mas bem perto da Torre os primeiros vestígios começaram a encher os meus olhos. A temperatura ia descendo, passando dos 12 para os 1ºC em apenas alguns minutos, mas continuava sempre a chover.
Saímos do carro já totalmente equipados, mas o vento cortante conseguia sempre encontrar uma brecha na roupa e fazer assim enregelar os ossos. Mal se conseguia respirar... As calças de ganga mais uma vez provaram não ser à prova de neve e chuva, e por isso ficaram geladas e fizeram as pernas parecer dois blocos de gelo do ártico. Descobrimos um disco de plástico para fazer sku, directamente para uma poça de água, e quase que caímos lá dentro. As bolas de neve compactas iam voando em todas as direcções, os risos também, mas o frio transportado pelo vento levou a melhor e obrigou-nos a procurar refúgio junto dos queijos e presuntos no "centro comercial" mais concorrido do local. Já abastecidos para regressar a Lisboa dizendo que efectivamente fomos à Serra, decidimos que era melhor voltar para o carro e começar a descer para tentar descongelar as calças.
Parámos no Fundão onde me abasteci ainda dos bolos da minha infância "esquecidos", "broinhas de mel" e "bolos de leite", seguimos para casa com paragem num restaurante/tascas onde uma dobrada com feijão branco de tamanho gigante esperava por mim.
O resto do serão passou-se junto à lareira já quentinhos a comer castanhas e a jogar ao Party, Situação Limite e o Assassino, com dois dos melhores narradores de histórias e muitas gargalhadas.
No dia seguinte passeio, passeio e passeio, quase não falei, só queria sentir a serra e a boa companhia... às vezes nas viagens sou assim, só ando por ali, sem falar, só estou. Foi o que fiz, estive, vi, ouvi, senti, vivi... e gostei.
Penha Garcia e Monsanto, adorei adorei adorei. Era capaz de ficar sentada horas nas rochas, nos muros, nas muralhas, a olhar, a sentir a brisa e mesmo a chuva miudinha na cara e a ouvir as vozes que me são familiares a contar histórias de fazer rir.
Foi um fim-de-semana de frio e de neve, foi também um fim-de-semana de calor de muito calor. Obrigada amigos, levo-vos comigo para lá para as terras quentes, para todo os sítios onde eu for.
segunda-feira, dezembro 08, 2008
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