domingo, dezembro 28, 2008

Momento de Relax

Enquanto faço as malas (sim... já comprei as malas... um monte de malas, todas do mesmo conjunto, para condizer!!!), e porque não tenho tempo para escrever nada de jeito e tudo o que poderia escrever só ia provar que estou a ficar stressada... o costume... nada mais do que o normal a 1 semana da partida... Decidi que o melhor era recuperar um momento que me faz sempre rir e descontrair um bocadinho Mahnamahna.



Beijinhos para todos, boa semana e um óptimo ano de 2009.



terça-feira, dezembro 23, 2008

Finalmente Férias

E depois de um ano inteirinho a bulir que nem um mouro, lá me fiz à estrada e tive direito ao meu lugar ao sol e às tão merecidas férias...
Não posso dizer que foram umas grandes férias, nem que foram longe, sem interrupções, nem mesmo que deram para esquecer o trabalho... mas mesmo assim foram férias.
Na segunda-feira fui logo de manhã cedo à empresa (à nova empresa, mas à sede em Lisboa, não à empresa em Maputo) para ver se estava tudo em ordem. Ora pensava eu que estaria lá das 9h às 10h no máximo, mas era preciso ver isto e mais aquilo, levar este ficheiro, analisar o outro, falar com este e com o outro, fazer umas continhas, analisar o contrato... enfim... quando dei por mim eram 20h e já estava com umas olheiras demasiado grandes para me meter a fazer 300km que ainda me faltavam para o descanso do guerreiro.
Viagem adiada para o dia seguinte... isto já não estava a correr nada bem... menos 24h do que estava planeado, lá segue a comitiva no Toyota rumo ao Algarve. Destino final - Vale do Lobo... o nosso paraíso de descanso no mês de Dezembro.
Os nossos dias eram passados, basicamente assim: levantar tarde, sem despertadores, tomar banho com água escaldante, embaciar a casa de banho (cada uma tinha a sua... um luxo), tomar o pequeno almoço na varanda ao sol, andar sempre de t-shirt, sempre de calças de ganga, sempre com as botas de caminhada desapertadas, com o boné na cabeça e óculos de sol. Saída para um passeio a pé pelo empreendimento, pela praia, pela ria... o que quiséssemos. Apanhar sol e mais sol. Regresso a casa, almoçar aquelas coisas deliciosas que comprámos no meu supermercado preferido, gourmet do melhor que há (e do mais caro também) - o famoso Apolónia, que é de ir lá controlar bem a carteira e os impulsos consumistas, ou então arriscamo-nos a ficar sem 500€ de uma só ida às compras. À tarde, mais passeio, ler um livro, lanche, dormir, descansar, jogar às cartas, apanhar sol, ouvir música... era mesmo o que quiséssemos.
Passaram-se assim os dias, no bem bom, a descansar e a curtir o céu azul do nosso país, o calor... a paz.
Antes da partida estas férias serviram não só para descansar, mas também para reunir a família, para festejar o aniversário da minha mãe, e para mais uma vez reforçarmos os laços que nos unem tão firmemente. Esta tradição recente de ir para lá na semana do aniversário está a saber-nos muito bem, já está a fazer parte de nós, tanto que para o ano, se continuar lá fora terei de vir cá dentro para não quebrar a tradição.

sábado, dezembro 13, 2008

Jantar de Natal - Trabalho

Os jantares de Natal das empresas por onde tenho passado têm sido estranhos... alguns são hilariantes, outros uma verdadeira seca. Mas o deste ano foi muito muito bom. Eu devia estar de férias, ou melhor, de descanso compensatório das horas extra de trabalho acumulado deste ano, mas mesmo assim fui ao jantar que acabou por ser também a festa de despedida para a maior parte das pessoas.
Mal entrei percebi que não ia ser uma noite normal. "Ana! Dá-me um abraço." diziam-me de um lado "Ana, vieste!" ou então "Já estás aqui!", foi lindo... imensas caras familiares do meu dia-a-dia, desta vez com sorrisos abertos e ar descontraído, abraçavam-me e acolhiam-me com carinho. Até conseguir pedir o meu gin tónico do costume tive que passar por um mar de beijos e abraços quase interminável, e foi muito bom. Já com o copo na mão começou um desenrolar de perguntas sobre a viagem, o que me espera, sobre a minha aventura. Fomos interrompidos com um "temos de descer para o jantar", e eu obedientemente e porque a fome já apertava, lá fui. Os amigos do costume já tinham a mesa reservada, corri para o meu lugar na mais louca dança das cadeiras, para ver se fugia a ficar com algumas almas que se colam sempre... e lá conseguimos ficar com um grupo compostinho.
A comida não foi nada de especial, aliás ficamos sempre com fome neste jantares... não percebo muito bem porquê... mas é sempre a mesma coisa.
Quanto à música, isso sim esteve melhor do que em anos anteriores. Desde Kuduro, a Samba, a Pimba, a Rock, houve um pouco de tudo e dançou-se um pouco de tudo. Sinceramente houve momentos em que pensei "ohhh meus amigos, mas o que é que é isto??? eu não danço esta mer..." mas depois pensei "que se lix... parar é morrer, e hoje é mesmo para a despedida, é dançar até cair". Dançámos mesmo de tudo, até mesmo quando se meteu o Karaoke pelo meio, e aí dançámos e desafinámos em palco, foi de chorar a rir. Gritámos, gesticulámos, abraçámo-nos e até caímos ao som de "YMCA", "Sol da Caparica", "Contentores", "Maria"e até o "Feliz Natal" na versão original e na versão assassina do João "esfaqueei o Pai Natal". Eram já 1:30h da manhã quando literalmente nos cortaram o pio, e já tínhamos nós um público tão fiel que nos aplaudia entusiasticamente junto ao palco e pedia mais...
Saímos do restaurantes entre mais abraços e apertos de mão, muitas palavras de apoios e alguns "se precisar de ajuda lá em Moçambique mande-me chamar". Como ainda era cedo partimos para a discoteca maior e mais irreal aqui da zona, HK - Hacienda Klub. É um Centro Hípico (coitados dos cavalos) com 2 pistas de dança e cheias de miúdos... tão miúdos que tivemos de ficar a primeira hora no bar a cantar mais um bocadinho, desta vez foi o "We are the Champions" e o "Dancing Queen", e o resto da noite já mais quentes e habituados ao ritmo da música vibrante dançámos até ... nem vi as horas... não me lembro... sei apenas que cheguei a casa pouco antes do nascer do sol... fechei bem as persianas e meti-me debaixo do edredão para não entrar claridade... e dormi... dormi... dormi...
Que noite... que grande farra... diverti-me à grande. Doem-me os pés, mas tenho a alma cheia. Adorei. Beijinhos para todos.

PS - As fotos e vídeos deste jantar deviam ser publicadas neste blog, mas foram confiscadas por inviabilizarem o futuro político de algumas das personalidades nelas presentes

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Provérbio chinês

"Não desespere jamais com as mais sombrias aflições da sua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda."

Chovia

Começaram as despedidas aqui no trabalho... de algumas pessoas sentirei falta, de outras nem por isso, já se sabe que é mesmo assim.
Das que interessam recebi sorrisos largos, beijos e abraços, força, palavras de apoio, das outras não veio nada de especial, mas também não esperava nada de mais.
Senti o coração apertado em algumas despedidas, pela distância e pelo tempo que vão transformar a forma como nos vamos dar uns com os outros. Mas também isto sei que é normal.
Já parti algumas vezes, as vezes suficientes para saber que é mesmo assim, mas também as vezes suficientes para saber que custa sempre. Não me importo que custe, faz parte de mim sentir assim.
Por isso hoje quando corria de um edifício para o outro para fazer algumas despedidas chovia ao de leve, não me importei com a chuva da rua porque cá dentro a chuva miudinha que sentia era um bocadinho mais forte, hoje chovia um bocadinho mais dentro de mim.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Hoje não tenho palavras, só música dentro de mim...

Don’t run away
If you know that you’ve got what it takes
Don’t shy away (No, no)
Sleep now
Dream here
And hopefully the night will ease your fears
Hey
There will be tears to shed again
Time to begin
And time to end
Baby and you say I’ll be sad
But that depends

Come on recognise me
I know that you know my face
Weren’t you’re the one who told me once you would be there
And every time I try to walk away
You keep me in my place
I try to break away but I’m much too much too scared
Try to break away but I’m much too much too scared

And you think of your chance
Cuz life will grant you one and that’s your last
Hey
Baby, don’t think too fast
No, no
You can’t have mine
All I do is move you round in time
Baby, there will be nights to sleep alone?
Time to fight, and time to grow
Baby and you say I’ll be sad
But you don’t know
You don’t know

Come on, recognise me
I know that you know my face
Weren’t you’re the one who told me once you would be there
And every time I try to walk away
You keep me in my place
Baby, I try to break away but I’m much too much too scared
I try to break away but I’m much too much too scared
Try to break away but I’m much too much too scared
Hey, yeah, yeah
Baby, hey
Baby now
Baby now
Hey, yeah, ohh
Baby now, come on recognise me
I know that you know my face
Weren’t you’re the one who told me once you would be there
And, every time I try to walk away
You keep me in my place
And I try to break away but I’m much too much too scared
I try to break away but I’m much too much too scared
Yeah, I try to break away but I’m much too scared

The hardest thing I ever had to do was let you go
The hardest thing I ever had to do was let you go
Baby, now come on,
Now, come on
Hey, come on
Yeah, I try to break away but I’m much too much too scared
I try to break away but I’m much too much too scared

Ana Free

terça-feira, dezembro 09, 2008

Count Down

"5 dias de trabalho é quanto falta" foi o que pensei hoje logo de manhã.
Acabar os quadros do mês, fazer o último envio dos dados, quadros de controlo de gestão, análise de desvios, e depois, mais uma vez na minha curta vida, arrumar a secretária e seguir viagem.
Tenho já só 5 dias para tudo isto e para as despedidas.
Estou a ficar ansiosa e emocionada... eu sou assim... falo com as pessoas e, sem que elas percebam, gravo na minha memória as suas vozes, as suas feições, expressões, tiques, pequenos jeitos, pequenos gestos, aqueles que as tornam únicas e diferentes. Gravo-as na minha memória.
Gravo também o cheiro do ar, o som dos pássaros, a cor do céu, o som das árvores a abanar ao vento, o frio das manhãs e o calor do meio-dia.
Gravo na pele os abraços, nos ouvidos as palavras, no nariz o cheiro do campo, nos olhos os sorrisos e na boca o doce sabor dos dias que passam agora a correr mais do que nunca.
Saudades, sei que as vou sentir, já as sinto chegar, tocam-me nas pontas dos pés por antecipação e a pouco e pouco vão subindo e não tarda chegam ao coração.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Frio... Neve...

E antes de ser abraçada por uma onda de calor decidi ir despedir-me do frio. No fim-de-semana eu e o grupo do costume enfiámos os gorros e os casacões nos carros e partimos naquela estrada em direcção ao ponto mais alto de Portugal continental - Serra da Estrela.
Palmilhámos a aldeia de Águas e os terrenos do nosso cicerone e grande latifundiário da região para conhecer os terrenos e os seus planos de expansão territorial. Ouvíamos sempre ao longe as badaladas do sino da igreja e o cheiro a lareira enchia os caminhos de pedra. Chovia sempre, tanto que nem se conseguia sentir o cheiro da terra molhada de tão ensopada que estava.
Depois de uma refeição de alho francês à brás subimos à serra em busca de neve. O nevão do fim-de-semana anterior praticamente tinha desaparecido, mas bem perto da Torre os primeiros vestígios começaram a encher os meus olhos. A temperatura ia descendo, passando dos 12 para os 1ºC em apenas alguns minutos, mas continuava sempre a chover.
Saímos do carro já totalmente equipados, mas o vento cortante conseguia sempre encontrar uma brecha na roupa e fazer assim enregelar os ossos. Mal se conseguia respirar... As calças de ganga mais uma vez provaram não ser à prova de neve e chuva, e por isso ficaram geladas e fizeram as pernas parecer dois blocos de gelo do ártico. Descobrimos um disco de plástico para fazer sku, directamente para uma poça de água, e quase que caímos lá dentro. As bolas de neve compactas iam voando em todas as direcções, os risos também, mas o frio transportado pelo vento levou a melhor e obrigou-nos a procurar refúgio junto dos queijos e presuntos no "centro comercial" mais concorrido do local. Já abastecidos para regressar a Lisboa dizendo que efectivamente fomos à Serra, decidimos que era melhor voltar para o carro e começar a descer para tentar descongelar as calças.
Parámos no Fundão onde me abasteci ainda dos bolos da minha infância "esquecidos", "broinhas de mel" e "bolos de leite", seguimos para casa com paragem num restaurante/tascas onde uma dobrada com feijão branco de tamanho gigante esperava por mim.
O resto do serão passou-se junto à lareira já quentinhos a comer castanhas e a jogar ao Party, Situação Limite e o Assassino, com dois dos melhores narradores de histórias e muitas gargalhadas.
No dia seguinte passeio, passeio e passeio, quase não falei, só queria sentir a serra e a boa companhia... às vezes nas viagens sou assim, só ando por ali, sem falar, só estou. Foi o que fiz, estive, vi, ouvi, senti, vivi... e gostei.
Penha Garcia e Monsanto, adorei adorei adorei. Era capaz de ficar sentada horas nas rochas, nos muros, nas muralhas, a olhar, a sentir a brisa e mesmo a chuva miudinha na cara e a ouvir as vozes que me são familiares a contar histórias de fazer rir.
Foi um fim-de-semana de frio e de neve, foi também um fim-de-semana de calor de muito calor. Obrigada amigos, levo-vos comigo para lá para as terras quentes, para todo os sítios onde eu for.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Última auditoria

7h da manhã, toca o despertador, rebolo na cama, espreguiço-me duas vezes e salto com genica. Acendo a luz, ponho o aquecedor a funcionar e corro para a banheira. Tomo aquele banho quente, que enche a casa de banho de vapor, típico de uma manhã de inverno. Visto as calças de ganga e dou duas dobras na bainha, chove lá fora e como vou para o aterro, é melhor prevenir. Calço as botas de obra, visto a camisola, o impermeável, e não esqueço as luvas. Saio cedo, apanho boleia e sigo para a empresa com a Natacha.
Chove, mas a equipa auditora não esmorece, vamos para o aterro, lama até aos tornozelos, é preciso subir mais as calças, no meio das máquinas, dos camiões, pisando lixo e lama, falamos com o operador, com o encarregado e com chefe de divisão. Tiramos apontamentos, vemos folhas, registos, apertos de mão, mais lama, perguntas, respostas, o falcoeiro passa perto, descemos e vamos para outras paragens.
Seguimos atrás de um camião de recolha selectiva, ecoponto, recolhem as embalagens, movem os contentores, vemos as caixas de primeiros socorros, o absorvente, mais apertos de mão e mais registos, controle dos EPI, chove mais um bocadinho, e chega a hora de almoço.
Buffet, muita comida, pão de queijo, entradas e saladas, vários pratos, baba de camelo, engolimos quase tudo junto, um café queimado por cima, mais chuva, e de novo para a auditoria.
Segue-se a triagem, montes de embalagens, montes e montes delas, ao lado, paletes de fardos, em cima o tapete de triagem, senhoras na linha, pegam de um lado, puxam para o outro, tiram, afastam, atiram lá para baixo, quase não falam, respiram para a máscara, dizem o boa tarde e o sim de quem sabe que hoje há auditoria. Testamos os lava-olhos e um quase-banho ataca a auditora coordenadora alvo de uma brincadeira dos auditados, fossem todos assim e não havia os stresses de auditorias anteriores que nos tiravam do sério.
Depois disto vamos finalmente para uma sala, pousar os papéis pejados de rabiscos e falamos entre nós, conseguimos resumir o que vimos, tudo com provas, porque assim tem de ser, porque a isto nos obrigam. Fazemos o relatório, escrevemos no computador e finalmente às 20h reunimos para apresentar as nossas constatações.
Acabou. A minha última auditoria interna foi num só dia, foi sem parar, com direito a tudo, chuva, lama, lixo, apertos de mão, sensação de missão cumprida.
Pensei muitas vezes ao longo do dia "sim, vou ter saudades disto."

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Rumo a sul

E é assim...
Este é um ano de objectivos cumpridos e de regressos. Acabei o mestrado, comprei casa, acabei de pagar o carro, cresci, reencontrei-me em Portugal, reencontrei amigos, reencontrei o meu lugar no mundo, caí e voltei a levantar-me, e agora depois de tudo isto, vou partir rumo a sul.
Mais um regresso.
16,5 anos depois de levantar voo da cidade de Maputo com as lágrimas no olhos e o coração apertado, regresso finalmente para concretizar um dos meus mais velhos sonhos. Vou regressar para trabalhar lá, na terra que viu nascer o meu pai, na terra onde se conheceram, casaram e viveram os meus pais, na terra onde vivi na pré-adolescência e de onde tenho muitas recordações felizes.
Parto no início de Janeiro com a mala cheia de tudo e de nada. Estou ansiosa e expectante. As partidas nunca são fáceis, mas esta em particular...
Ainda não consigo verbalizar o que sinto, tenho um turbilhão de sentimentos no meu peito... sinto uma energia crescente cá dentro e um tremor a percorrer-me a pele...
Às vezes penso que esta ansiedade deve-se em parte ao facto de eu ser do signo gémeos, devo estar a sentir uma necessidade de me dividir em duas e seguir dois caminhos diferentes... mas como uma única que sou, vou toda eu, carregada de malas e bagagens para lá.

Moçambique
terra vermelha
longa, extensa, interminável
qual a mais bonita savana
se não a que se estende para lá do Cabo da Boa Esperança.