O país de emigrantes… a comunidade cabo-verdiana espalhada pelo mundo é muito superior à que actualmente reside em território nacional… incrível não é??
Agora imaginem que destes emigrantes todos cerca de 1/3 decide voltar à terra natal durante o mês de Agosto???
No mínimo irreal… O país muda… enche-se de gente, de novas línguas (inglês, holandês, francês), enche-se de novos ricos que vêm exibir as roupas da moda, a música da moda, os brincos colares e pulseiras de ouro da moda, vêm tirar das garagens os imensos carros diferentes que durante o ano nunca se vêem, vêm passear na praça e reencontrar a família que é quase a ilha inteira, vêm com os respectivos companheiros para os apresentar ao país… Gente de todas as cores, de todos os feitios… gentes diferentes e no entanto tão iguais… somos todos Cabo-verdianos… até mesmo eu…
Olhando para esta cidade repleta de gente percebo aquilo que não percebi nem nunca vi em Portugal… um país igualmente de emigrantes… vejo as festas, as famílias reunidas, a ostentação de riqueza sem cuidado com a estética, vejo saudades, vejo a força de um povo que luta por viver melhor, um povo que mesmo lá fora não esquece o que está cá dentro…
Vejo os emigrantes americanos vestidos à gang com as camisolas de basquetebol, todos melosos, cheios de humanidade e de carinho a dançar o zouk com as meninas mais bonitas do Mindelo… afinal somos todos iguais…
Sento-me numa mesa de um qualquer restaurante e reparo que ao lado se fala bem alto uma língua qualquer estrangeira saída da boca de cabo-verdianos de gema, e que depois de uns copitos do melhor grogue velho a língua vai dobrando e deixando de resistir ao esforço de quem fala, começa a soar a crioulo… a língua deste povo.
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