quinta-feira, abril 28, 2011

Dia 3 – de Quelimane ao Gurué

Partimos cedo muito cedo, como já vem sendo hábito nesta viagem. Saímos de Quelimane às 6 da manhã e não antes, porque tínhamos o vidro do carro cravado de insectos e cocó de morcego, e tivemos de limpar... que bom... saímos ainda no meio daquela bruma matinal que faz tudo parecer cinzento e frio, mas ao olhar mais atento vemos vida, movimento... imensa gente caminha mais uma vez à beira da estrada onde circulam já camiões, motas e bicicletas, centenas de bicicletas. A viagem foi tranquila, com estrada boa alternando com terra batida. Íamos subindo, subindo, ao longe e depois cada vez mais de perto erguem-se montes e montanhas, inselbergs... a paisagem fica verde cada vez mais verde... sem palavras e de máquina de filmar e de fotografar em punho, indecisa sobre qual usar em cada momento, indecisa ainda também sobre se as deveria usar de todo ou se devia apenas absorver cada momento. A cada curva mulheres e crianças carregando coisas das mais incríveis à cabeça, capulanas coloridas bamboleando ao passo ritmado do tempo que corre devagar, sombrinhas coloridas a roçar o piroso, enchiam a paisagem verde com cores vindas da china. Homens pedalam carregando 2 a 3 sacas grandes de carvão, colina acima, ou colina abaixo. Lá ao fundo começam a desenhar-se as montanhas entre as quais o famoso e grande Namúli, o segundo ponto mais alto do país, no seu sopé crescem há bem mais de 50 anos as famosas plantações de chá do Gurué, foi para lá que seguimos. Ao chegar vemos no meio dos campos, homens com cestas às costas, carregadas de folhas verdes, no meio de um manto verde do mais verde que há. Manto verde pintalgado de acácias majestosas de copas em sombrinha num verde-escuro só para dar contraste para as fotografias. Ergue-se no meio deste tapete o monte Namúli e a cadeia montanhosa que o acompanha. Antes de mais, fomos arranjar alojamento na Pensão Gurué no centro da cidade de ruas muito esburacadas, ou melhor cidade dos buracos com nomes de ruas. Quarto simples, no centro do movimento, com o melhor restaurante da cidade. Depois do almoço, e seguindo as indicações de locais e estrangeiros residentes, subimos de carro pelo meio dos campos de chá, até à Casa dos Noivos, foi mais de uma subida em 4x4, mas a vista sobre o vale, sobre os campos e sobre a cidade valeu cada momento. Adorámos e só por isso, na descida viemos devagar, parámos algumas vezes e tirámos sempre muitas fotografias. Como ainda era cedo seguimos para a UP5, a única fábrica de processamento de chá que costuma receber visitas inesperadas e dar-lhes uma visita guiada. E mesmo já perto da hora de fecho, fomos recebidos entre sorrisos e cheiro a folha de chá, dentro da fábrica, tendo acompanhado todo o processo de produção guiados pelo sr. Benito. Foi fabuloso. Saímos já perto do pôr-do-sol e fomos parando aqui e ali no meio dos campos verdejantes para tirar fotos ao sol que se embalava devagarinho na montanha para dormir.

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