sexta-feira, maio 06, 2011

Dia 11 – Ilha do Ibo e Pemba

Depois de uma noite de ataques violentos por parte dos mosquitos que invadiram a minha rede, lá acordei a precisar de dormir mais... fui tomar o pequeno-almoço no terraço com vista para o mangal, e despertei para a vida. Quis ainda ir dar um mergulho na minha piscina privativa, mas a água ainda estava demasiado fria (se calhar um bocadinho mais quente do que em Portugal no verão, mas para mim era fria). Vagueei pelo lodge para fazer tempo, e depois vesti o meu robe branco e caminhando pelo meu jardim privativo, fui para o quarto das massagens. Entrei e cheirava a ervas e incenso, uma cama alta esperava por mim no meio daquela meia-luz, deitei-me e deliciei-me com uma massagem Ibo, completa de relaxamento, onde é usado apenas óleo de coco, feito dos cocos da Ilha. Depois de uma hora de descanso sentia-me já outra. Devagar, devagarinho vesti-me outra vez e decidi ir dar mais uma volta à vila do Ibo (aquela que em tempos já foi capital da província de Cabo Delgado) fui ver os outros alojamentos, e fui ver casas velhas, podres, a cair, que estão para venda. Sim... apaixonei-me de verdade... não que efectivamente vá comprar alguma coisa, até porque já está tudo vendido, mas não me importava de passar mais tempo nesta ilha de tranquilidade. Regressei ao Lodge onde comi um peixinho grelhado, acabado de apanhar, dei mais umas voltinhas, e fui num dos 2 únicos carros da ilha, para o aeroporto. Chegámos e o piloto (tão novo que nem barda parecia ter), dormia estendido em cima de uma das asas da amostra de avião. Abriu as portas e janelas, e lá dentro havia apenas 3 lugares, para além dos 2 da cabine. Um lugar fui para o meu colega de viagem, outro para mim, e outro para as minhas máquinas. Filmar e fotografar as ilhas lá de cima, é tão bonito... ver aquelas gradações de azul do mais escuro ao verde água, passando pela turquesa... e lá no meio, plantadas as ilhas verdes bordeadas de praias de areia branca, intercaladas com as velas triangulares e tortas dos dhow que deslizam suavemente ao sabor do vento. Aiii... Aterrámos quase 30 minutos depois, não sem antes sobrevoar a baía de Pemba. No aeroporto tínhamos à espera ninguém... pois... nem o avião em que devíamos seguir para Nampula, estava lá. Fomos tentar fazer o check-in, e nicles. Estava tudo fechado. Entretanto surge do nada um carrinho pequenino a alta velocidade, faz um pião e estaciona de lado junto às partidas (isto foi tudo inventado, claro, o carro apenas chegou à velocidade normal, e estacionou de frente, como é habitual). Saíram duas senhoras, uma que nos diz com ar esbaforido “ah... estão aqui”, ao que repondo “sim”, e de volta ela diz “o vosso voo foi cancelado, não foram avisados?”, com o ar mais parvo deste mundo, e de queixo caído, respondo “não”. E foi assim, sem mais nem menos, cancelaram o nosso voo, passaram todos os passageiros para o voo anterior há 4 horas atrás, e esqueceram-se de nos avisar, faz todo o sentido, não faz? Atenção nós tínhamos já pessoas à nossa espera em Nampula, o carro na Toyota para levantar, um jantar marcado, voo para Lichinga na manhã seguinte, e transferes e alojamento já marcados e pagos, para os próximos dias que ficaríamos num paraíso junto ao lago Niassa. A senhora diz então, “a única alternativa é amanhã à noite vocês apanham um voo para Maputo, onde passam a noite, e depois no dia seguinte apanham um voo para Lichinga”, pois claro, agora sim faz todo o sentido, e entretanto perdemos rios de dinheiro com essa brincadeira, já para não falar que teria de voltar a casa ainda a meio das férias, e sem falar com estou no extremo norte do país na zona litoral e para ir para a zona norte no interior, tenho que voar até ao extremo sul... faz todo o sentido. Depois de muita conversa, lá nos passou uma nota para sermos reembolsados, no dia seguinte em Nampula, deu-nos depois boleia para a agência de viagens de uma das novas amigas da viagem, e depois de pedir favores a mil e uma pessoas, conseguimos um táxi para nos levar durante a noite de Pemba para Nampula, conseguimos ficar em casa da nova amiga, a quem agradeço imenso todo o apoio que nos deu. Então, voltando à história, a senhora do aeroporto deu-nos boleia para a cidade, onde ficámos com a Sónia. A Sónia levou-nos a casa dela para pousar as malas e para conhecer a família, levou-nos com ela para jantar no restaurante da prima dela, onde acontecia nessa noite um jantar de aniversário de 50 anos de casamento dos tios dela. 3 das pessoas que ali estavam eram já nossas conhecidas da Ilha de Moçambique, e as outras receberam-nos como se fôssemos família. Depois do jantar fomos para o bar Rema onde a banda apadrinhada pela Sónia toca todas as 6ª feiras, e ainda tivemos a oportunidade de ouvir a Sónia cantar, Da nossa mesa todos dançaram menos nós, os mais novos, que estávamos mais para lá do que para cá. Entretanto no meio daquele punhado de gente encontro uma amiga minha que já não via há anos. Quando acabou a noite e fomos tentar descansar um pouco antes da longa viagem que nos esperava, deparámo-nos com o motorista do carro já à nossa espera. Eram 2:30 da manhã, apenas tive tempo de me despedir da nossa anfitriã, pegar nas malas e meter-me no carro, para aquela que, até agora, foi a noite mais mal dormida da viagem.

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