"Sentiste?" hoje esta pergunta andou de boca em boca...
poderia ter sido por causa de algum sentimento em especial, mas foi mesmo por um sentir diferente do normal.
"Senti" foi a minha resposta "Senti, pela primeira vez e nem queria acreditar". Enquanto falava ao telefone assuntos banais de trabalho, comecei a sentir o corpo todo a tremer, um tremor que vinha de dentro, de fora, de todos os lados. A mesa tremia porque o chão a fazia tremer,a água dentro da garrafa fazia ondinhas e as paredes vibravam muito mais que o normal (normal quando aqui ao lado passam pesados caminhões de recolha do lixo). Olhei pela janela e nada, olhei para o meu colega da frente e lá estava ele, como é habitual, impávido e sereno, perguntei ao telefone "Sandra, sentiste?" e ela pergunta de volta "O quê?". Depois da breve explicação comecei a pensar que era já o cansaço a apoderar-se de mim... pensei "ninguém mais sentiu, eu nunca sinto os tremores de terra... devo estar mesmo muito cansada... mas ainda hoje são 10:30 de 2ª feira!!!". Passado uns minutos os telefonemas começam a chover, todos começam a acordar para o abalo que fez tremer o nosso país. Nas primeiras notícias "6,1 na escalada de Richter... epicentro a 200km do cabo de S. Vicente". Ai se todos os abalos fossem assim... Se ao menos a terra fosse libertando aos poucos a energia acumulada, evitando assim tremores maiores...
O de hoje fez muita gente falar e pensar sobre a proteção das nossas casas, sobre a proteção das suas vidas, e fez lembrar sustos anteriores, alguns bem mais velhos do que eu.
Hoje nada de grave aconteceu, hoje continuámos todos sentados na mesma secretária a trabalhar como se nada fosse, mas hoje também lembrámo-nos, por breves instantes, que não mandamos nada e que somos tão vulneráveis como qualquer outro ser vivo... hoje alguns pensaram assim, mas outros continuaram indiferentes e imutáveis, cinzentos e quadrados. Para esses, os avisos nunca são demais e, por vezes, nem em situações extremas "acordam para a vida", mas esses outros, não interessam a ninguém...
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
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