terça-feira, julho 19, 2005

O mês de Junho - Parte 2

Já estava a deixar passar a oportunidade de actualizar o blog mais uma vez... Mas acho que ainda vou a tempo.
Continuando com a actividade do mês de Junho:
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As nossas Festas - todos os fins-de-semana e mesmo em muitos dias durante a semana há sempre festa, esta cidade não pára... Quase todas as casas do Mindelo têm terraço e este é o espaço mais utilizado para fazer uma festa com um monte de gente que se vai conhecendo ao longo dos dias. A comunidade estrangeira aqui dedica-se cada vez mais a fazer grandes festas com comida de vários países e com muita música. Temos sempre a música de dois DJ's espanhóis, o Miguel e o Fermin, que vieram de Barcelona com um computador recheado de muita música internacional, ao som da qual todos começam a dançar. Temos sempre uma bela "pasta" italiana, uma "paella", umas "tortillas", uma "grelhada" de peixe, vinho português, paté de atum, pastéis de milho, e claro, o famoso bolo de chocolate da Ely. As festas são dadas ora pelo aniversário de alguém ora para mero entretenimento, e podem ser nos grandes terraços das várias casas ou então em bares da nossa eleição, como o "Uril", o "Tambor" ou mesmo o "Interart". Não precisamos marcar ponto de encontro aqui, pois todos frequentamos os mesmos sítios, as mesmas casas. Vamos a pé para todo o lado, às vezes vamos à boleia numa carrinha de caixa aberta. Fazemos o que queremos e o que gostamos, com uma liberdade imensa e com o gosto comum pelo divertimento e pelo convívio estilo "torre de Babel" que aqui se gerou.
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As festas populares - aqui também se festejam os santos populares, Sto António no Porto Novo na ilha de Sto Antão, na ilha de S. Vicente temos o S. João que se festeja na Ribeira de Julião, e S. Pedro na aldeia de pescadores S. Pedro junto ao aeroporto. Não temos sardinhadas, mas temos moreia frita, grelhada de peixe e de carne, não temos sangria mas temos grogue, estomperote e ponche, não temos as marchas populares mas temos os tambores que percorrem a cidade a avisar que a festa está a começar, não temos os martelos de S. João mas temos os colares feitos com amendoim ou com pão para dar boa sorte. Temos muita música, muita animação, muitas mesas de jogos do azar, muitas bebedeiras, muito zouk, temos as fogueiras bem altas que apenas os mais corajosos se atrevem a saltar, temos horas e horas de sono perdidas mesmo quando nos fechamos em casa para tentar descansar. A música, os tambores, a vozes altas das pessoas em festa inundam esta cidade de som, é impossível não participar.
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Palha Carga - um destes fins-de-semana alugamos um jipe e fomos passear, fomos conhecer mais uma praia, Palha Carga, linda, água quente, isolada, só para quem conhece, só para quem tem jipe ou para quem gosta de andar a pé. A estrada de terra batida é manhosa, tem curvas e o traçado mal definido, podemos sair facilmente do trilho e podemos resvalar pela encosta. Perdemo-nos apenas por cinco minutos (se calhar nem tanto), mas não houve stress, afinal estamos numa ilha, e bem pequena por sinal. Não atolámos nem resvalámos mas o jipe à nossa frente ficou numa situação de equilíbrio pouco estável a aguardar o socorro de quem o pudesse rebocar. Mas apesar destes supostos perigos, vale a pena ir lá, temos uma praia imensa só para nós, com areia suave e água quente, sem vivalma por perto, um pequeno paraíso que espero que fique muitos mais anos por descobrir.
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Lajinha - cheia de gente, parece uma sopa de massas bem concentrada... as férias começaram, os primeiros voos com os emigrantes já estão a chegar, começam a ouvir-se crioulos que falam holandês, alemão, francês e inglês, vêm vestidos para a festa num estilo muito novo-rico, enchem a praia e a Praça Nova para passar os modelos de última moda dos países desenvolvidos que os acolhem. Chegam carregados de malas com prendas para toda a enorme família que ano a pós ano resiste por cá, trazem um ar fresco, mais festa, mais cor e mais dialectos. Alguns regressam anos e anos depois de terem partido, param em pasmo a olhar para os edifícios e reparam que afinal mesmo em 40 anos nada mudou. Esta cidade parou no tempo, isso já eu suspeitava, mas agora a confirmação chegou, a cidade só cresceu para os lados, mas a essência mantém-se a mesma, o mesmo centro da cidade, os mesmos rituais, as mesmas caras... a mesma cidade porto, a cidade que não muda, a cidade do Mindelo.

quarta-feira, julho 13, 2005

Notícias

Bem sei que nenhum de vocês gosta de ouvir histórias resumidas, gostam sim de coisas com muito detalhe e muita crítica à mistura... mas infelizmente não tenho tido tempo nenhum para satisfazer a vossa curiosidade sobre o dia a dia da minha vida no Mindelo... é que ando sempre a correr de um lado para o outro, tenho sempre montes de coisas para fazer, e até para dormir o tempo já começa a ser curto...
Por isso, no meio disto tudo, considerem-se pessoas de muita sorte por eu dedicar largos minutos a escrever um post com algumas das aventuras do mês...
Bem que me podem chamar incompetente, mas ainda não me consigo dividir em duas ou três para fazer tudo o que gostava, e claro que há coisas que estão sempre primeiro, e a mais importante é viver...
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Viver as coisas e os momentos para um dia mais tarde ter memórias e saudades dos lugares por onde passei e das pessoas que em cada pedaço da minha vida a vão preenchendo com momentos inolvidáveis e que me enchem de prazer.
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E porquê este paleio todo??? Perguntam vocês, isto tudo para vos dizer que eu estou bem, muito bem… Por isso podem todos ficar descansados…
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e que já me sinto outra vez a viver… já consigo acordar cedo e levantar-me sem preguiça,
começo o dia a cantar enquanto tomo um duche de água fria que me faz sentir viva,
já tomei novamente o gosto de passear à noite e de comer um belíssimo peixe grelhado ao jantar,
quando me olho ao espelho já vejo novamente os meus olhos a brilhar e descubro com felicidade que as minhas lindíssimas rugas de expressão ainda estão lá...
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Durante a semana dou por mim a querer ir à praia à hora de almoço, e é o que vou começar a fazer hoje se o sol continuar a brilhar.
Anseio pela chegada de cada fim-de-semana para poder levantar-me cedo e ir ao mercado comprar peixe fresquinho,
para poder pegar na minha máquina fotográfica e sair pelas ruas vazias da cidade e registar tudo o que faz parte da minha vida,
para poder meter-me num táxi e dizer-lhe “É para o centro hípico por favor”, e chegada lá poder aprender mais um bocadinho a andar a cavalo, sentir-me bem recebida por todos, e mimar estes animais lindos que me permitem aos poucos conhecê-los melhor.
para depois destes dias cansativos poder ir fazer mergulho e relaxar nas melhores praias, nas melhores ondas, à temperatura óptima da água que me obriga a ficar…
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E depois de quase ficar sem palavras por sentir o meu coração a querer saltar do peito de tanta felicidade… apenas vos digo minha querida família e meus amigos… apesar de estar aqui muito bem e de me ter encontrado, tenho saudades vossas, e dos momentos que costumamos partilhar… se vos tivesse a todos aqui não precisava de muito mais para ser plenamente feliz…