domingo, maio 01, 2011
Dia 6 – da Ilha de Moçambique a Pemba
Eram 6h da manhã e já tinha a malinha feita e o pequeno-almoço tomado, quando entrámos novamente no táxi do Moisés para desta vez regressarmos a Nampula. A ponte de ligação ao continente estava tranquila, estavam mais de uma dezena de pessoas a pescar à linha ao longo dos primeiros metros de ponte, onde passavam também por baixo os barcos já atrasados que se dirigiam para mar alto para a pesca do dia. Com a música horrorosa em altos berros, que era a única forma do Moisés não adormecer durante as 2h de viagem, consegui eu dormir um bocadinho. Chegámos a Nampula no dia de mercado (domingo) e que deveria ter um movimento fora do comum com o desfile do 1º de Maio, mas era com certeza demasiado cedo para vermos sequer o princípio da festa. A chegada ao aeroporto foi rápida, tivemos ainda de esperar o check-in, que se revelou uma parvoíce pegada. As barbatanas de mergulho, que para quem não sabe são feitas de plástico e de borracha, e são muito leves e flexíveis, não puderam vir comigo na cabine porque diz o senhor que nada entende do assunto mas que está no balcão de check-in, que podem servir de arma... claro que me passei, disse-lhe que até um murro meu era mais arma do que aquelas barbatanas e até o lenço que levava ao pescoço podia servir para asfixiar alguém, e que até a minha carteira servia mais de arma de arremesso do que as barbatanas, e no fim ainda lhe perguntei se estava a gozar comigo. O senhor ficou verde, julgo e espero que por se ter apercebido da anormalidade que estava a dizer e ficou de tal forma “agastado” (como gostam de dizer por aqui) que saiu do balcão e teve de vir outra pessoa atender para acabar o check-in. Passando esta cena mais desagradável, lá apanhámos o avião para Pemba onde chegámos em 30 minutos. O céu estava cinzento e prometia chuva. Tínhamos à nossa espera o carro para nos levar ao Dive & Bush Camp, de onde partirá o barco que nos levará na volta às ilhas. Depois de deixar tudo no quarto, de alterar a viagem para Lichinga (as estradas estão intransitáveis, ainda há muitos rios transbordados), e de ligar a amigos de amigos que estão de fim-de-semana em Pemba, fui até ao bar para saber como podíamos ir para a cidade onde nos esperavam para uma passeio de barco. Um sul-africano que estava a comer doses e doses de chamussas (a única coisa que serviam aqui ao almoço), ofereceu-se para nos levar. Lá fui eu na caixa aberta em pé a ouvir os sons do mato e a apanhar a brisa mais fresca. Chegámos ao Clube Naval onde uma pequena lancha a motor, daquelas que anda muito muito rápido, nos esperava para um passeio até ao outro lado da entrada da baía de Pemba. Lá... num lodge daqueles que se paga qualquer coisa como 500€ por dia e por pessoa, parámos depois de pedir muito pela autorização para atracar, e depois de muita negociação de preço queriam cobrar-nos 80USD por pessoa para almoçar, sem bebidas. Ok, e almoçar o quê? Perguntam vocês como perguntei eu, pois... não sei, foi a resposta que nos deram. Pois...e não queriam mais nada.... entretanto começou a chover, mas não foi só um bocadinho, foi mesmo chover a potes, não se via nada, nem 2 palmos à frente do nariz. Resolvemos ficar e beber uma coca-cola de 3 USD cada um. Chovia chovia e chovia… parecia que nunca mais ia parar. Abrandou um bocadinho e nós todos que nem loucos corremos debaixo de chuva até à praia para desencalhar o barco ainda debaixo de chuva. Quando embarcámos tinha já parado de chover mas as ondas e a velocidade louca que atingimos fez levantar chuva de água salgada. Chegámos ao Clube Naval ao pôr-do-sol, aquele pôr-do-sol de África, e quando parámos junto ao pontão caiu outra carga de água ainda maior. Corri pela vida das minhas máquinas que estavam na mochila, cujo teste à prova de água era feito pela primeira vez. Abriguei-me debaixo de um telheiro de chapa de zinco furada ao lado do guarda da pequena estação de combustível. Depois da chuva passar, o Thomas , o nosso novo amigo sul-africano que devia só ter dado boleia para o barco e que acabou por fazer parte deste grupo louco durante todo o dia, bem... o Thomas levou-nos a comer uma pizza no sítio onde estava alojado e levou-nos depois a trocar de roupa ao nosso alojamento. Para acabar em grande o dia fomos jantar todos juntos outra vez ao Brazuca, que é uma restaurante demasiado caro, pseudo-fino e cuja comida não tem nada de bom ou de especial. Mas esteve-se bem, aliás tão bem que a conversa só terminou quando todos abríamos já a boca de cansaço, eram já 3h da manhã.
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