terça-feira, maio 31, 2005

O mês de Maio

O mês de Maio teve um pouco te tudo, e os meus dias foram tão preenchidos entre o trabalho e a vida social que me foi impossível por em dia o blog... como deu para perceber... e como agora já não me lembro de tudo e teria muito para escrever, vou fazer apenas um resumo das coisas mais importante que se passaram por terras de Cabo Verde:
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- Trabalho – regresso duro ao trabalho, com idas à ETAR e acompanhando as equipas de limpeza da rede de esgotos por essa cidade toda... trabalho malcheiroso, mas necessário e motivante por ter tantas diferenças entre o que por aqui se faz e o que é normal em Portugal.
- Torre de Babel – Noites passadas na Casa Café Mindelo à conversa com todos e mais alguns para consolidar as relações entre um grupo que se formou de várias nacionalidades e que no entanto se entendem em conversas quase do género Torre de Babel. Fazem parte do grupo pessoas de: Argentina (2), Colômbia (1), Espanha (5), Itália (4), França (2), Portugal (4), Alemanha (2), Cabo Verde (5), imaginem só a misturada que para aqui vai... Ainda por cima decidimos aprender as línguas uns dos outros... vai ser lindo vai... ao fim de algum tempo de conversa já se mistura português com crioulo, espanhol e italiano, e quando se tenta falar inglês é misturar com o francês e o crioulo também...
- Lajinha – Idas aos sábados e domingos à praia para nadar um bocadinho e para começar a pesquisar o fundo do mar.
- Fotografia – aos sábados e domingos ao fim da tarde lá vou eu e a Maria Adelina passear pelas ruas vazias do Mindelo para tirar fotografias... o meu tema para esta série são as casas do período colonial no Mindelo, vamos lá ver se sai alguma coisa de jeito...
- Reciclagem de papel – esteve cá uma brasileira, a Maria, para dar formação na área da reciclagem de papel e depois de muitas tentativas de intervenção na sociedade e depois de muitas aulas, conseguiu montar um exposição com trabalhos feitos por ela e pelos seus alunos... só vos digo que fizeram coisas espectaculares.
- Benfica – quando o Benfica foi campeão a festa saiu à rua, foi a loucura total. Toda a gente e todos os carros foram a correr para a pracinha para dar voltas e voltas, durante horas a fio a gritar e a dançar... foi algo inesquecível, quase que a festa era maior aqui do que em Portugal... tudo o que tinha a cor vermelha servia para mostrar que se era benfiquista, até uma bandeira dos EUA enrolada para só se verem as riscas brancas e vermelhas, e até mesmo uma toalha de praia velhíssima do campeão... a toalha já há muito que devia esperar os seus dias de glória... eheheh...
- Tambor – muitas noites são passadas a ouvir música e a dançar no Tambor, um sítio particular que praticamente só faz festas com os amigos, que é aqui bem perto do centro da cidade. Finalmente passa música mais normal no Mindelo e é um pouco graças ao Tambor e ao Miguel e Fermin que lá põem música, estes são dois espanhóis que vieram para cá à aventura sem data de regresso e que se vão entretendo a entreter os outros.
- Lígia e Vivian – lembram-se daquela amiga que vos falei que veio cá para adoptar uma criança? Depois de muitas atribulações finalmente conseguiu, a menina linda chama-se Vivian e tem 2 anos e 5 meses, e ainda este mês iniciou a sua nossa vida no seio da sua nova família no seu novo país - Portugal. Que sejam muito felizes as duas porque vocês merecem.
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Depois destas aventuras todas, ainda tive uma outra, bem mais cansativa... Fui a Portugal durante apenas 4 dias, e foi de loucos... vim de rastos, mas adorei. Estive com alguns de vocês mas sempre a correr e tive pena que não desse para mais... Mas em Novembro já devo estar de volta para matar as saudades todas e para me porem a par das vossas vidas...
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Beijinhos para todos e até lá

domingo, maio 01, 2005

Os dias que passámos no Mindelo... Eu e as minhas queridas e ilustres visitas

Durante os dias que se seguiram à viagem a Sto Antão, as minhas visitas (mãe e tia) tiveram de ocupar parte dos dias sem mim, porque eu sou uma moça trabalhadora e porque afinal eu não estou cá de férias.
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O facto delas terem vindo cá nesta altura ajudou-me muito a ter outra vez "pica" para trabalhar, estava a ficar desmotivada por todos os motivos e mais alguns, principalmente por não ter cá ninguém que puxasse por mim...
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Então o dia-a-dia das minhas visitas nas minhas costas, passaram por:
- idas à Lajinha tomar o banho matinal
- mercado de peixe e de legumes para comprar os provimentos para as deliciosas refeições
- ida à praia de S. Pedro com um grupo improvisado de turistas de outras nacionalidades e que se revelou um convívio multicultural muito bom
- passeios diários pela cidade, conhecendo assim muita gente diferente e muito simpática, desde o sapateiro do Togo até à Directora do Centro Cultural Português
- compra de artesanato para mais tarde recordar
- e muitas outras aventuras... que são delas, não são minhas e por isso não as sei contar...
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Depois do trabalho e durante as horas de almoço estava sempre com elas, e andámos a fazer coisas diferentes:
- Lanche na Kasa d'Ajinha, a comer um belo couscous com mel e queijo di terra, ou comer o belo do txuc com farinha de mandioca
- Ouvir a "lenda" Malaquias a desafinar no seu novo violino no restaurante Nella's
- Ida à Casa Café Mindelo para a Tertúlia mensal com Germano Almeida
- Lanche em casa da Zinha, irmã de uma amiga da minha mãe. E que maravilhoso lanche este... um verdadeiro lanche cabo-verdiano com chá, bolo de couscous, mel de cana, queijo di terra, fidjós de banana, pastel de midj e claro o magnífico doce de papaia
- Jantar de peixinho grelhado na casa da Carmita e do Djibla na casa da Baía das Gatas
- Almoço no Archote, um óptimo restaurante com um grande problema... demoraram mais de 1 hora para trazer a comida...
- Caminhadas de fim de tarde na marginal
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No último fim-de-semana que passaram cá comigo, decidimos alugar um carro para dar a volta à ilha, e nós as três com a Maria Adelina (grande amiga que fiz cá), fizemos o percurso turístico do costume, mas escolhemos o dia da enchente em todos os sítios... era dia 1 de Maio - dia do trabalhador e portanto toda a gente estava por todo o lado menos na cidade. O percurso que fizemos:
- Monte Verde - como não podia deixar de ser fomos ao ponto mais alto da ilha para ver que ainda existe um bocadinho de verdinho nesta ilha, e para ter uma vista panorâmica que se supões lindíssima... mas azar dos azares... durante o monte estava todo encoberto e não deu para ver nada, só apanhámos frio (muito frio) e pouco vimos.
- Salamansa - é uma aldeia de pescadores e tem uma das praias mais bonitas que já vi aqui... aproveitámos para apanhar um bocadinho de sol, apanhar umas conchas para a colecção e para comer praticamente todas as coisas boas que tínhamos trazido.
- Aldeia do Norte da Baía - um aldeiazinha perdida no meio do nada a caminho da Baía das Gatas, onde se constrói mais um de muitos empreendimentos turísticos gigantes que por aqui começam a crescer como cogumelos e que se pensa ser para lavagem de dinheiro de algum cidadão menos correcto...
- Baía das Gatas - outro ponto de interesse, mas que não se revelou lá muito bom neste dia também, porque o tempo pregou-nos mesmo uma partida e continuava o céu todo encoberto, não deu para tomar banho e a quantidade de gente que por ali se banhava era mais que muita.
- Praia Grande - aqui foi a surpresa total... a praia estava cheia, com gente a acampar, muita música, muito grogue, grelhadores de peixe por todo o lado e pessoas que não paravam de dançar ao ritmo de muita música cabo-verdiana que saía dos muitos rádios alimentados com geradores... esta gente levou tudo para a praia e divertiam-se à grandes enquanto uns posavam para as fotografias e outros caiam redondos para o chão depois de beberem mais do que deviam.
- Calhau - aqui fomos só ver a piscina natural e aproveitámos para fazer uma segunda pausa para o almoço, como já tínhamos comido tudo o que levávamos connosco parámos na tasca Hamburgo e ao fim de 1 hora de espera lá conseguimos comer um guisado de lulas... nós pensávamos que íamos comer espetadas de lulas grelhadas, mas saiu-nos o tiro pela culatra. Apesar de tudo o que valeu mesmo a pena foi comer moreia frita... um verdadeiro pitéu, com malagueta por cima... hummm é de lamber os dedos e chorar por mais.
- Aventura - como já não tínhamos muito mais para ver e como estávamos com jipe, decidimos partir à aventura, e fomos procurar praias escondidas no mapa às quais só se chega com carros resistentes. Descobrimos outra praia lindíssima, mesmo ao por do sol, a praia da Craquinha. É também uma praia de rocha e tem ondas fantásticas, mas já estava a ficar tarde para um mergulho e tivemos que voltar para trás. Quando nos preparávamos para ir embora uma família inteira que tinha ido ali passar o dia, quando viu que tinha máquina fotográfica comigo, pediu para tirar umas fotos... vocês deviam ver a felicidade estampada naqueles rostos, principalmente no rosto das crianças. Mais uma vez prometi que revelava as fotos que lhas oferecia, e logo na segunda-feira cumpri com o prometido.
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Depois deste dia cansativo, a andar por estradas calcetadas e por caminhos de terra batida com pedregulhos à mistura, voltámos para a cidade. Decidimos ainda ver a cidade a nascer para a noite acendendo as suas luzes a partir do Lazareto (que fica no sopé do monte cara).
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E para acabar em grande esta viagem fomos já ao cair da noite despedir-nos da Lajinha, porque no dia seguinte às 5 da manhã já devíamos estar a caminho do aeroporto. Infelizmente...