A minha equipa aqui em Maputo tem-me surpreendido a cada dia que passa. Ao completar uma semana e meia da minha chegada, o balanço do relacionamento com todos eles tem sido positivo, e há alguns momentos que acho tão importantes, por serem simples e sinceros, que tenho de partilhar convsco.
O encarregado, o meu braço direito operacional (como o chamei um dia), mais conhecido por comandante, por já ter sido sargento das tropas portuguesas na época do ultramar, é uma pessoa grande e impõe respeito. Com ele tive já 2 episódios muito marcantes que tenho que relatar.
No meu 3º dia de trabalho, quando fazia a minha apresentação ao 3º e último grupo de recolha, ele apresentou-me assim “esta é a nossa chefe, é a nossa mãe”. As lágrimas quase me vieram aos olhos, mas controlei-me, e passo a explicar porquê: aqui a maior expressão de respeito que se pode ter por uma mulher é chamá-la de mãe, pelas ligações muito fortes que têm culturalmente com a família, e eu sabia disto, e por saber disto não esperava que me viessem a ter em tão elevada consideração tão cedo. Foi bom… foi muito emocionante… coisas como esta tiram-nos as palavras, tiram-nos o chão. J
Hoje, voltou a surpreender-me ao dizer-me que me queria oferecer uma pulseira feita por si, e que esperava que a minha mãe chegasse rápido a Maputo para fazer-lhe uma pulseira a ela também. E explica-me assim “é que eu trabalho bem marfim”. J Já lhe expliquei que só uso madeira, não uso marfim, porque prefiro vê-lo nos elefantes vivos do que nos meus braços, mas o orgulho nos olhos deste homem ao dizer-me que é artesão e que sabe fazer mais do que o que já me mostrou, é tão grande…
Entretanto vão surgindo surpresas de outros lados. A secretária trouxe-me uma manga, linda vermelhinha, cheirosa, como só as mangas de cá sabem ser, colhida do seu quintal na Matola, “achei que ia gostar” disse-me, e eu sorri babada porque adoro manga. Um doce…
Hoje o responsável da contabilidade saiu para tratar de milhares de assuntos na rua e quando chegou veio fazer o ponto de situação e para acompanhar trouxe um saquinho de amendoim torrado em areia, daquele que eu adoro e morria de saudades… vocês sabem o que isso é? Hummm é muito bom… delícias.
Como fazia em Cabo Verde decidi que logo que tenha casa vou passar a trazer os meus bolinhos caseiros para aqui também, alguns de vocês sabem que aos domingos gosto de fazer bolos, pois estes meus colegas vão ter à 2ª feira um contributo para a engorda não tarda muito, espero eu (só falta a casa e forno).
sexta-feira, janeiro 16, 2009
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2 comentários:
Não sabia que por aí também era moda dar muita graxa aos chefes!!! :P
Olha, por aqui esta semana chove a potes e canivetes. Tá mais ou menos como o pessoal por aí...tudo negro! :)
Olha, sabes quem perguntou por ti?
As senhoras da "cantina". Quando lhes disse por onde andavas elas não acreditaram ao início, mas depois ficaram contentes por ti e disseram que era mesmo a tua cara e que essa "aventura" tinha tudo a ver contigo. :)
Continua assim e nós por cá tb temos saudades dos scones!
Bjs, ReR
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