quarta-feira, abril 27, 2011
Dia 2 – de Vilanculo a Quelimane
Viagem sem paragens, apenas para abastecer de combustível e comprar água e bolachas. A viagem começou no meio do nevoeiro, com as silhuetas de árvores e pessoas no meio da estrada cinzenta, aquela humidade que cai, aquele friozinho, aquele sol tímido que brilhava por entre as nuvens altas e densas. A estrada estava péssima nas primeiras horas da manhã, buracos e mais buracos... andar a 50 km/h... enfim. A estrada ficou melhor quando o sol começou a afastar as nuvens, a andar pelo meio do mato, apareciam montes de pessoas que vendiam primeiro caju, carvão e galinhas vivas, e mais tarde fruto do embondeiro, cabras e carne de antílope seca na espeto, e pedras. Passámos por aldeias de palhotas, lugares com casas da época colonial todas partidas e com barracas ao lado, vilas e lugares feios e desarranjados, mas de quando em vez, aldeias lindas, limpas e floridas com palhotas redondinhas e telhados de colmo perfeitos. Muita estrada, muita estrada, pontes sobre rios inexistentes, rios médios e rios grandes, daqueles que enchem e transbordam levando tudo à frente, na época das chuvas. Passámos o Gorongosa, o Buzi, o Save, o Pungué e o magnífico Zambeze, enorme Zambeze, verde Zambeze, de águas barrentas e sobre o qual se ergue a mais recente ponte, Ponte Armando Emílio Guebuza. Mais quilómetros, cada vez mais pessoas a andar nas bermas e no meio das estradas. Mais bicicletas, muito mais bicicletas, tantas que até chegar a Quelimane, a velocidade teve de se reduzir, e reduzir, e reduzir, andávamos à velocidade do pedalar. À chegada de Quelimane coqueiros, filas de coqueiros, no meio de uma planície imensa e verde, paisagem ponteada de vacas, e palhotas, palhotas no meio dos coqueiros, palhotas no meio do verde da paisagem. Quelimane, cidade com buracos, mas cidade linda, pequenina, mas da dimensão certa, cidade onde se anda devagar, mais uma vez e cada vez mais ao ritmo do pedal. Chegámos ainda antes do pôr-do-sol e demos uma volta a toda a cidade, agora já no hotel, aguardo a chegada de um amigo meu para nos levar a jantar. Quero porque quero comer comida da Zambézia, a melhor de Moçambique (dizem...), frango à zambeziana? Pode ser.
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